domingo, 20 de julho de 2008

A importância da "prata da casa"

Já muito se falou da questão do aproveitamento da formação no FCP. Este artigo aborda o mesmo ponto, mas numa perspectiva diferente e, num ponto especifico, factual.

Alguns dizem que a "prata da casa" tem, em média, um número de vantagens que não são de somenos importância (e eu incluo-me nesse lote):

1) Salário tipicamente bastante mais baixo
2) Custo de aquisição do passe muitíssimo mais baixo (tipicamento zero)
3) Rápida adaptação ao país, à casa e ao tipo de futebol (em particular em relação a jogadores vindos de outros países e continentes)
4) Maior previsibilidade do rendimento (sendo jogadores já bem conhecidos)
5) Mais amor à camisola (quem não se lembra por ex do episódio de Jorge Costa no intervalo do Belenenses - FCP em que estávamos a perder?)
6) Menor vontade em querer "dar o salto"

Claro que tudo isto não invalida que se os jogadores da casa não tiverem valor suficiente (tendo claramente menos valor do que as contratações que vão chegando), essas vantagens de nada adiantam. Penso que é pacífico que é preferir ter um Quaresma no plantel a um Ivanildo ou um Lisandro a um Hugo Almeida, por exemplo.

No entanto não me parece de todo que tenha sido sistematicamente o caso nos últimos anos (ninguém poderá dizer que quando um Ezequias, um Lino, um Kaz, um Diogo Valente, e agora um Guarín ou um Benitez chegaram, era totalmente evidente que tivessem mais valor do que jogadores da casa que foram preteridos).


Além disso, à partida parece evidente que a matéria prima portuguesa tem qualidade, ou não tivesse a selecção nacional relativamente bem cotada a nível internacional tanto ao nível senior como ao nível das camadas jovens. Mais: não se pode sequer dizer que hoje é mais difícil entrar no plantel A, já que não me parece nada evidente que este tenha mais qualidade do que há uns anos (há apenas 4 anos fomos campeões europeus com 3 jogadores da casa que eram titulares indiscutíveis, mais uns quantos no banco).

Convém é claro "apanhá-los" o mais jovens possível, antes que estabeleçam uma reputação e sejam portanto caros (não é agora que vamos contratar um Nani... mesmo um Quaresma teria saído tremendamente mais barato se o tivéssemos apanhado na prospeção e não uns anos mais tarde).

De qualquer forma o meu ponto é que todas essas considerações são subjectivas, mas há uma outra consideração factual que é indiscutível: não havendo jogadores da casa no plantel, somos penalizados nas inscrições (principalmente na Liga dos Campeões).

A Liga dos Campeões reserva 4 vagas para jogadores formados na casa e que tenham mais de 21 anos (para os sub21 da casa não há limite de inscrições - daí que Tengarrinha, Candeias e Ventura não tenham a inscrição em risco). E a tendência é para que este número aumente, não para que baixe.

Ora neste momento temos apenas um jogador da casa com mais de 21 anos no plantel, o número mais baixo de sempre da história do FCP. Chama-se Bruno Alves (e até já houve rumores de que possa sair, o que considero extremamente improvável no imediato mas que seria algo ainda mais limitador nas inscrições, já que a sua vaga não poderia ser preenchida por nenhuma contratação).

Isso quer dizer que mesmo que Jesualdo assim o queira, não poderá (para além dos 3 putos que lá estão muito mais como etapa de formação do que propriamente como alternativas) inscrever mais do que 22 jogadores, menos 2 do que em 07/08.

Isto quer dizer entre outras coisas que dos 26 jogadores que foram a estágio é quase certo que pelo menos um deles venha a ser dispensado.

Concluindo: há aspectos subjectivos nesta questão da "prata da casa" que podem ser discutidos à exaustão, mas a questão das inscrições é um factor objectivo claramente a favor do aproveitamento da formação.

2 comentários:

José Correia disse...

«neste momento temos apenas um jogador da casa com mais de 21 anos no plantel, o número mais baixo de sempre da história do FCP»

Este facto, juntamente com a enorme quantidade de sul-americanos (argentinos, brasileiros, uruguaios, colombianos) que fazem parte do plantel, é algo que me preocupa, quer em termos dos equilíbrios no balneário, quer em relação ao futuro.

Mário Faria disse...

Para o FCP ter despoletado uma verdadeira revolução na formação, com um novo supervisor, uma nova metodologia e uma equipa técnica nova, é porque a "coisa" não corria bem nos Dragões.
Faltava um programa ? técnicos mais capazes ? má prospecção ? recursos de pouca qualidade ? ou foi a gestão da transição para os seniores que falhou ?
Não sei. Sei que a necessidade aguça o engenho e o FCP, em função das boas receitas extraordinárias que tem obtido, não tem “precisado” de ir à formação para refazer o plantel e formar a equipa.
O projecto 611 - estratégico para o FCP - está a dar os primeiros passos. Vamos ver como o FCP concilia essa plataforma giratória de jogadores em que se tornou, com a formação de novos talentos através das camadas mais jovens. É que o projecto 611 terá, obviamente, como objectivo a integração de jogadores para constituir a equipa principal, e esse é o verdadeiro desafio, insisto, mas vamos lá ver se não vão acabar todos a rodar e rodar por “n” equipas, como actualmente, mais ou menos dentro da tal placa giratória.