terça-feira, 29 de julho de 2008

Os hábitos e as promessas


O FCP, como quase todos os clubes, segue o regime presidencialista. PC pelos seus méritos levou o sistema ao limite: todos os elementos que gravitam à sua volta são da sua escolha exclusiva e da sua total confiança – na SAD e no FCP.
Ocorreram alguns “sismos de pequena escala” no percurso, nomeadamente com as saídas de Alexandre Magalhães, Pôncio Monteiro, Guilherme Aguiar, Óscar Cruz, Raul Peixoto, Domingos Matos e, até, de Angelino Ferreira. Mas das suas causas pouco se sabe e das suas consequência não se notaram quaisquer “réplicas”.

Outra particularidade da presidência de PdC tem sido a forma como faz de amigos inimigos e vice-versa, a lembrar: Valentim Loureiro & filho, José Veiga, Alexandre Pinto da Costa, José Roquette, Dias da Cunha, Manuel Damásio, Luís Filipe Vieira, Pimenta Machado, Rui Alves, Jorge Mendes etc., etc., cujas motivações ou razões nunca percebi bem, mas essa é uma prerrogativa de quem tem a legitimidade democrática de nos representar.
Se há (houve) queixas dos sócios, elas foram sempre ditas em surdina. O hábito da vitória e a sucessão de êxitos, deixou-nos órfãos de qualquer oposição ou movimentos contestatários. Em equipa directiva (tão) ganhadora não se mexe!


Estando o centro de decisão muito dependente do presidente, e com o grupo dirigente estabilizado há muitos anos (em equipa que ganha não se mexe), é pouco curial que o modelo de gestão e o ciclo de procedimentos sofra significativas mudanças. A gestão da vida interna fica, assim, exclusivamente não mãos dos dirigentes, aliás a quem compete. Seria muito estranho (e nada desejável) que pudesse ser de outra maneira.

Os sócios mais ou menos organizados formam as claques e o grupo dos 300, todos eles muito activos no apoio da Direcção. Portanto, é normal vermos repetido os caminhos trilhados na gestão desportiva (em procedimentos ganhadores não se mexe), embora nos pareçam alguns caminhos demasiado sinuosos, de quando em vez.

Para além disso, com tantos “inimigos externos” os associados ficam – faz parte da nossa história sermos alvos privilegiados dos rivais de costume – demasiado ocupados com as tarefas de defesa e contra-ataque. A blogosfera criou um meio de comunicação privilegiado, também entre sócios e adeptos, mas até aí, a grande maioria está sobretudo posicionada para ser uma voz activa na defesa dos valores culturais, históricos e desportivos do FCP. Sobretudo, uma voz activa contra os poderes constituídos e fácticos do futebol em Portugal.

Vai longo este prefácio para abordar duas questões que estão na ordem do dia.


Uma que diz respeito a Adelino Caldeira, muito elogiado ultimamente, pelos serviços prestados do Gabinete Jurídico que preside. Alguns portistas de mérito, não foram meigos, e pediram a cabeça do homem, pelo facto do FCP não ter recorrido da sanção que lhe foi aplicada pelo CD da Liga. Não estou de acordo. A decisão foi colegial e toda a SAD deve responder por ela, tanto quanto a gestão desportiva e financeira. Não me acredito que não tenham sido apresentadas à SAD as várias alternativas a seguir relativamente aos recursos, com informação detalhada das vantagens e dos riscos de cada uma, no plano nacional e internacional. Se não foram – o que não quero crer – houve mau trabalho e a incúria foi geral. Não se percebe que aquela “máquina” – como a organização do FCP é reconhecida – tivesse errado de forma tão grosseira num “lance” em que não se podia falhar. Quer o castigo quer o prémio devem ser partilhados por igual por todos os dirigentes da SAD. Solidariamente. Tal como aquando da participação (extraordinária) nos lucros de 2003/4.

A outra diz respeito à nova jóia da coroa, que dá pelo nome de guerra HULK. Um dos maiores investimentos do FCP, por um jogador que brilhou na 2ª. Divisão japonesa.
Uma jogada de risco, tal como Anderson que nos rendeu bom dinheiro, embora este tivesse ganho enorme notoriedade, ao serviço das selecções brasileiras dos escalões mais jovens.

Vamos lá ver se o Hulk vai entrar na equipa, ou se vai rodar para a Académica, a quem “devemos” um jogador, que tinha sido “prometido” e foi desviado, no último momento, para o Vitória de Setúbal.

Desagrada-me este tipo de negociação, feito charada. O FCP já atingiu um nível e uma grandeza que não combinam com estas práticas que apelam à especulação e servem de isco à atracção dos sócios e adeptos que aguardavam por outro tipo de surpresa, porque a entenderam como válida e pronta a apresentar. O Presidente quando fala não mente nem engana, e o que é uma (vaga) promessa, anunciada pela sua voz, passa a ser uma certeza. Esperavam que isso acontecesse no último sábado. A exibição, o resultado e a ausência do “prometido”, cavaram a desilusão que as palmas no final não disfarçaram.

As compras e vendas devem ser realizadas de forma silenciosa e com toda a confidencialidade (tal como aconteceu com Cebola) e apresentadas sem espalhafato (tal como aconteceu com Cebola).


Para quem estava a trabalhar na reformulação do plantel, desde a época transacta, parece estranho que certas posições não tenham sido aparentemente bem resolvidas (defesa esquerdo e a posição 6), enquanto Hulk parece como um “pagador de promessas” excessivamente caro para a condição, enquanto Quaresma se mantém no clube, mais fora que dentro, quando a sua integração no plantel deveria ser de facto. Caso contrário, arriscamo-nos a perder o dinheiro e o jogador. Para além disso, o efeito da anunciada “surpresa” pode ser sempre assumida – pelos maldizentes internos do costume - como uma forma de apaziguamento do povo mais exaltado, se o SLB+VG tivessem ganho o recurso no TAS.

A bola já rola e isso é bom. Que o futebol viva do jogo e do público, e menos dos tribunais e de todos os Diogos deste país. Assim podemos falar e tratar das nossas coisas, ver os jogos, fazer palpites e mandar os nossos bitaites. Como treinador de bancada, com um curriculum que fala por si, não dispenso o meu lugar no sítio do costume e à hora habitual, para exercer as funções que me competem. O futebol com este circo à volta funciona melhor, mas dispensa o acessório e o inconsequente, quando ele parte de quem tem os mais altos cargos dentro do clube.

5 comentários:

Tiago Araújo disse...

Mário Fária e para o resto dos autores, podiam linkar o meu blog aqui??
Chama-se Campeões F.C.Porto e o endereço é:

http://www.campeoesfcporto.blogspot.com

O Caçador disse...

"A outra diz respeito à nova jóia da coroa, que dá pelo nome de guerra HULK"

Negócio estranho, este!

Não dá para perceber, como se vai a uma 2ª divisão Japonesa(onde a bola tem picos) e contrata-se um jogador por 5,5M€ representando 50%.

Acho que temos de chamar a PJ....a

Ultrasfcporto disse...

SAUDAÇÕES

PORTISTAS VISITEM ESTE BLOG,DEIXEM O VOSSO COMENTÁRIO,SE ACHAREM QUE O DEVEM FAZER.

O SEU CONTEÚDO É PRINCIPALMENTE A TITULO INFORMATIVO DO FC PORTO, COM HUMOR À MISTURA E OUTRAS NOTICIAS INTERESSANTES.

http://ultrasfcportomatosinhos.blogspot.com

ATENCIOSAMENTE

ORGULHO EM SER TRIPEIRO

José Correia disse...

«Como treinador de bancada, com um curriculum que fala por si, não dispenso o meu lugar no sítio do costume e à hora habitual, para exercer as funções que me competem.»

É isso Mário, no sítio do costume, de alma e coração com a equipa do FC Porto e, já agora, também aqui, neste pequenino espaço da blogosfera portista, para partilhar análises, opiniões, críticas e elogios aos actores que, a diversos níveis, fazem parte do fenómeno desportivo e do futebol em particular.

Anónimo disse...

Só para dizer que o Hulk é craque! Em 2012, vejam o patamar do Hulk