sexta-feira, 4 de julho de 2008

O regresso ao activo de um plantel em "obras"


Reabriu a oficina do Olival, com esperanças e objectivos renovados, os jogadores vão regressando ao trabalho a conta gotas, consoante os periodos de férias previamente estipulados, ou conforme a situação de cada atleta é definida, seja no sentido sua da permanência ou da sua exclusão. E é precisamente na definição do futuro de muitos dos jogadores riscados da lista de Jesualdo Ferreira que pairam as maiores dúvidas, onde se encaixam neste lote algumas surpresas, com Pitbull à cabeça. A grande temporada realizada pelo avançado brasileiro que esteve ao serviço do V. Setúbal, pelos vistos não foi suficiente para convencer os responsaveis azuis e brancos a leva-lo para estágio e mostrar todo o seu potencial.

Adriano e Marek Cech, que contavam já com algum capital de confiança dentro da equipa, estão igualmente fora dos planos do treinador. Se a situação do ponta de lança não surpreende, pela nítida perda de espaço verificada no ano transacto, o mesmo não se pode dizer sobre o eslovaco, que era peça regularmente utilizada, seja na defesa ou no meio campo. Ibson, Bruno Moraes e Kaz confirmam-se como elementos que não merecem a confiança de Jesualdo, enquanto Paulo Machado, Barbosa, Castro, Rui Pedro ou Vieirinha, tardam a encontrar um espaço no grupo de trabalho Portista. Leandro Lima, mercê dos problemas que o acercaram e por demais conhecidos, viu naturalmente a sua margem de manobra reduzida, sendo o empréstimo a opção mais provável.

foto: Record

Se a colocação dos excedentários é uma questão longe de estar resolvida, a constituição do plantel para atacar o “Tetra” é outro assunto que de igual modo ainda dá algumas dores de cabeça à estrutura Portista, a começar pela defesa, onde nas laterais existe um defice de qualidade, agora agravado com a perda de Bosingwa (para o qual ainda não foi encontrada uma alternativa). As opções do lado esquerdo suscitam duvidas, pois Lino foi quase sempre 3ª opção na época passada e Benitez é um ilustre desconhecido que no seu clube de origem nem sempre era titular.

No meio campo foi desfeito o trio que tão bem conta de si deu. A rescisão de Assunção criou um vazio dificil de colmatar, onde só a possivel vinda de Pelé envolvido no negocio de Quaresma poderá atenuar estragos. Tomás Costa e possivelmente Guarín são sobretudo médios de transição, que se perfilam como alternativas a Lucho e Meireles. No ataque, a mais que provável perda de Quaresma é nota que vem dominando as conversas do defeso, que apesar de não ser um elemento consensual entre a massa adepta, teve um resgisto nos dados estatisticos notável, que só a troca por vários milhões de euros e o ingresso de Rodriguez poderá minimizar a perda.

A frente de ataque continuará entregue a Lisandro e Farias, com Renteria à espreita de uma vaga no estágio. Mariano, que saiu caro aos cofres da SAD, é uma clara aposta pessoal do treinador, que terá a companhia de Tarik nas laterais.

foto: Record

Faltando ainda cerca de mês e meio até ao primeiro jogo oficial, e com o mercado de transferências ainda em grande agitação, há margem suficiente para colmatar posições desguarnecidas do plantel, resultante das saídas até ao momento confirmadas ou em vias de confirmação. Porem não é de excluír a perda de mais um ou outro elemento fundamental da equipa (Lucho/Bruno Alves). Os cheques gordos podem falar mais alto, mas os danos desportivos poderão ser irreparáveis. Com a transferência de Bosingwa e a quase certa saida do Cigano, as necessidades financeiras ficam salvaguardadas (apesar da perda de Assunção a custo zero), é expectável que partir daqui a SAD saiba de igual modo acautelar os interesses dos adeptos do FC Porto, que anseiam ter uma equipa capaz de atacar o título.

8 comentários:

José Correia disse...

Ainda há muitas indefinições e, por isso, é cedo para falar. Contudo, sairam algumas notícias que, a confirmarem-se, me deixam um pouco surpreendido.
Estou a falar das dispensas de Kaz e João Paulo (dois jogadores contratados na época passada, supostamente por indicação de Jesualdo Ferreira) e Cech (um lateral que, na minha opinião, é melhor do que Lino).

Não sei se estes três jogadores irão de facto sair e se será por empréstimo ou serão vendidos (evidentemente, o ter ou não mercado é uma variável importante).

Também me surpreende que não seja dada uma oportunidade ao Pitbull, a não ser que a SAD tenha uma boa proposta em carteira para este jogador.

Mas, repito, é cedo para tirar conclusões.

Nuno Nunes disse...

Não estou a gostar das contratações em quantidade de sul americanos em mais um defeso.

Na época passada foram integrados na equipa principal Ventura, Castro e João Pedro. Pouco jogaram e praticamente não tiveram oportunidades, tendo sido emprestados. Este ano vão ser integrados Tengarinha e Candeias na equipa principal. Na próxima época lá teremos de assistir ao empréstimo de Tengarinha e Candeias por não se terem "afirmado", para a inclusão de 2 ou 3 novos jogadores dos juniores. Tudo em nome do "Visão 611". Pelo andar da carruagem não me admiraria nada se este projecto tiver sido delineado por um míope.

miguel87 disse...

Tambem eu estou cada vez mais contra esta politica de contratações. Entram jogadores as dezenas por vários milhões de euros e depois, sem qualquer aproveitamento, vão sendo dispensados sem a compensação devida.

Má gestão da SAD ou fraco aproveitamento do treinador? na minha opinião, os dois. Não confio nesta SAD, não acredito neste treinador.

Jesualdo, pela primeira vez desde que chegou vai ter que mexer na equipa, e logo em duas peças que têm sido fulcrais (lateral direito e trinco), e isto até ver, porque ainda estamos no começo da pré-epoca e ninguem me convence que não saiam ainda o Lucho, o B.Alves ou até mesmo o Lisandro!

Depois ainda temos a questão da formação...É com muita pena que vejo cada vez menos portugueses na equipa e ainda menos portugueses portistas das camadas jovens. Bem sei que um onze tipo baseado em jovens da formação não se coaduna com o nivel de exigência e objectivos definidos anualmente, mas francamente, não acredito que pelo menos alguns, como Paulo Machado, Vieirinha, Helder Barbosa ou Bruno Gama, não tenham sequer lugar no plantel e hipoteses de ir entrando na equipa!

É preciso recuar até 2001 para se encontrar o último jogador dos júniores que entrou na equipa directamente - Postiga - e isto porque na altura falhou a contratação de Jardel e os outros avançados estavam lesionados. E até 2005 para ver a integração na equipa de um jogador da formação regressado de vários empréstimos - B.Alves.

Na prática, o projecto "visão 611" não está a dar frutos para já a curto prazo e os "reforços" não se podem chamar isso desde o inicio de 2005/06 - Helton, Assunção, Lucho, Lisandro...

Pedro Vale disse...

Zé Correia:
O João Paulo foi contratado pelo Co Adriaanse como alternativa ao Paulo Assunção num esquema com 3 defesas e um "trinco" que recue mais.

Surpreende-me sobretudo a dispensa do Kaz se se vier a confirmar.

Nuno:
O jogador que tinha sido integrado no plantel principal era o Rui Pedro (avançado) e não o João Pedro (defesa).


Realmente parece-me um exagero a contratação de argentinos.
Como nota deixo a informação que o Porto nunca deve ter tido tantos brasileiros (a mítica escola de samba) num plantel como argentinos neste.
Este parece ser também dos planteis com menos portugueses de que há memória.
Por curiosidade, as equipas que ganharam as competições europeias em 1987 e 2004 eram constituidas maioritariamente por portugueses (sem querer retirar valor aos jogadores estrangeiros, obviamente).

Nuno Nunes disse...

Ano após ano vai-se atirando com uma mão cheia de poeira aos olhos dos sócios no que respeita a formação. Anunciou-se com pompa um projecto que visava 'revolucionar' a formação do clube (Visão 611) e o que se vê é a continuada contratação de sul americanos, sejam argentinos ou uruguaios, sem que sejam dadas as mesmas oportunidades aos juniores recém promovidos.

O caso da contratação de laterais esquerdos é escandaloso: acho que já estaria na altura de parar com as negociatas e comprar um defesa esquerdo em boas condições para vários anos. Que me lembre, assim de repente, já lá vão desde 2004, Areias, Leandro, Rossato, Cech, Ezequias, Lucas Mareque, Lino e Benitez. Uma média de 2 por ano, não está nada mau.

Nelson Carvalho disse...

Miguel87 disse ; "Na prática, o projecto "visão 611" não está a dar frutos para já a curto prazo e os "reforços" não se podem chamar isso desde o inicio de 2005/06 - Helton, Assunção, Lucho, Lisandro..."

Concordo em absoluto e acho que um dia destes essa questão vai ter direito a um artigo neste blog.

Como bem refere o Miguel87, nos ultimos dois defesos das aquisições efectuadas nenhum jogador conseguiu pegar de estaca na equipa. E se formos ver o numero de contratações feitas nestes dois anos, facilmente se conclui que o saldo é negativo.

A ultima grande aquisição que Porto fez foi Anderson, realizada já no distante mes de Setembro 2005.

José Correia disse...

Relativamente às compras na América do Sul, um dos aspectos a ponderar é a cotação do Euro relativamente ao Dolar.
Como o preço dos jogadores é fixado pelos clubes sul-americanos em dolares, com o Euro a valer cerca de 1,6 dolares, isso torna os jogadores mais baratos para os clubes europeus.

Nuno Nunes disse...

"Como o preço dos jogadores é fixado pelos clubes sul-americanos em dolares, com o Euro a valer cerca de 1,6 dolares, isso torna os jogadores mais baratos para os clubes europeus."

Não me parece que isso chegue a acontecer porque os clubes sul-americanos "indexam" a valorização do passe ao Euro, não ao Dolar (por não lhes interessar). Se o Dolar continuar a desvalorizar continuamente face ao Euro, os clubes sul-americanos têm de aumentar o valor do passe pois caso contrário estariam a perder dinheiro.

Apesar de neste caso não se aplicar bem, o princípio da Paridade dos Poderes de Compra diz que num mercado eficiente 'bens' idênticos têm um só preço.

A (suposta) vantagem cambial estará no tempo que o FC Porto demorar a pagar os saldos em dívida. Assim, sempre pode esperar pela desvalorização e quanto mais tempo passar, mais barato ficará o passe do atleta. Mas os sul-americanos já estão habituados e devem fazer cobertura cambial das suas posições ou então negociar em Euro.