Balanço do Estágio

O FC Porto partiu para este estágio em Marienfeld, na Alemanha, com muitas caras novas entre alguns regressos e muita vontade por parte de uns quantos jogadores de conseguirem um lugar no plantel para a época de 2008/2009. Jesualdo Ferreira depara-se agora com um novo desafio, por um lado manter a “máquina” por si criada a funcionar para renovar o título e alcançar o desejado Tetra e, por outro, fazer uma gestão eficiente das alterações havidas na equipa pelas entradas mas principalmente pelas saídas de Bosingwa, Assunção e previsivelmente Quaresma, de forma a manter uma equipa equilibrada e com sentido de vitória.


O primeiro jogo, com os amadores do Gutersloh, foi vencido com alguma facilidade. A equipa inicial contou com os reforços Benítez e Rolando. Em termos tácticos, a primeira experiência de Jesualdo a que pudemos assistir foi a inversão do triângulo do meio campo, com Tomás Costa a jogar ao lado de Bolatti na base e Lucho à frente, no vértice desse triângulo sozinho nas movimentações ofensivas. O novo reforço argentino, também conhecido por Tomy não se deu mal, revelando boa visão de jogo para as saídas para o ataque e boa capacidade de recuperação de bolas. Por outro lado foi possível observar que Bolatti não esteve bem no lugar de pivô defensivo. Na primeira parte foram Tomás Costa e Candeias, que jogou a extremo esquerdo, que deram mais nas vistas. Na segunda parte operaram-se várias substituições com as entradas de Helton, Fernando, Lino, Alan e, mais tarde, Tengarrinha. O FC Porto venceu por 4-1 com um autogolo de Heinrich e golos de Farías, Lucho e Lino (de livre directo).
Concluindo, o esquema táctico utilizado neste jogo foi o 4-3-3 sendo que na primeira parte jogaram dois médios defensivos e, na segunda, apenas um.


O jogo seguinte foi com o PAOK da Grécia treinado por Fernando Santos. Jesualdo Ferreira não operou grandes alterações ao nível táctico, tendo mantido a estrutura habitual de 4-3-3 com nove jogadores da última época no onze inicial e apenas os reforços Benítez e Rodríguez. Este mostrou que é craque e aquele mostrou muitas debilidades ao nível defensivo permitindo que o ataque do PAOK se direccionasse preferencialmente pelo lado esquerdo do FC Porto. Foi dos pés de Rodriguez que nasceu o lance que deu origem ao único golo do jogo, tendo feito depois o passe para Lisandro que sofreu o penalty que Lucho converteu. Escreveu-se que os jogadores do FC Porto, cansados pelos minutos de treino intenso a que foram submetidos, e para esconderem algumas debilidades físicas jogaram com “um bloco recuado e próximo”, um eufemismo para aquilo que foi um jogo feio com todos ao molho. Por isso todos estiverem mal com particular destaque para Mariano, Meireles e Bolatti. Tomás Costa não se deu bem encostado à linha e sempre procurou terrenos mais interiores onde mais gosta de jogar, mostrando que não se pode contar com ele para jogar a extremo.

O terceiro jogo na Alemanha foi contra o Hannover 96 e, apesar do empate a uma bola, temos mais razões para estar satisfeitos com os progressos da equipa. Apesar de ainda não ter mostrado um futebol entrosado e fluído, o FC Porto controlou o jogo durante grande parte do tempo e criou muitas oportunidades de golo que acabou por desperdiçar.
O sistema escolhido voltou a recair no 4-3-3, com Tomás Costa na ala direita e Guarín a trinco, fazendo companhia a Lucho e Meireles no meio campo. O colombiano contratado ao St. Etienne esteve bem e mostrou que é candidato ao lugar deixado vago pelo Judas. O argentino Tomás Costa voltou, face à insistência de Jesualdo, a mostrar-se pouco à vontade para jogar junto à linha e acabou por flectir para a sua posição preferida, a de médio interior, com maior eficácia nas transições para o ataque. De realçar que de Guarín para a frente todos foram trocando de lugar, com todas as posições ocupadas e devidamente compensadas, o que resultou numa equipa bem mecanizada.


No jogo de despedida da Alemanha, ante o Bochum, o FC Porto voltou a empatar 1-1. Tivemos algumas situações de golo na primeira parte, com destaque para Tomás Costa, Guarín e Rodriguez, mas a excelente exibição do guarda-redes adversário, Daniel Fernandez, foi evitando o golo. Mais uma vez iniciámos o jogo num 4-3-3, privilegiando a mobilidade das peças mais adiantadas, coisa já vista e ensaiada no jogo com o Hannover 96. Desta vez Fernando ficou para trás e viu-se os elementos mais adiantados a rodarem posições.

No início da segunda parte o Bochum aproveitou uma desatenção da defesa do FC Porto e, através de um remate fora da área que bateu num central e traiu Ventura, chegou a o golo. Depois Lisandro Lopez assumiu as responsabilidades da viragem do marcador mas o guarda-redes adversário foi sempre a figura do jogo ao negar sucessivamente o golo ao FC Porto.
A equipa do FC Porto foi decaindo fisicamente, diminuindo o ritmo e a intensidade dos ataques à baliza adversária e foi a cinco minutos do final, através de um livre directo, que Lino fez o empate e reforçou as suas credenciais de especialista em bolas paradas (que tanta falta faz no plantel do FC Porto). Foi o segundo golo marcado de livre por Lino neste estágio. Resta saber se vale a pena ter um jogador em campo apenas para os lances de bola parada, dado que pelo que tem demonstrado em campo ele será a última opção para defesa lateral.


Destes jogos de pré-época há a destacar os golos sofridos de bola parada. Jesualdo Ferreira continua a privilegiar a defesa à zona nas bolas paradas em detrimento de uma defesa homem a homem ou mista, no caso de se conhecerem os jogadores adversários mais perigosos nesse tipo de lances. Contra os amadores do Gutersloh, Daniel Eckel saltou mais que Pedro Emanuel e marcou golo. No jogo com o Hannover 96 Stepanov (que já não é novo nestes erros) esqueceu-se de marcar o defesa adversário Bergantin, que apareceu solto à entrada da pequena área e marcou de cabeça. A rever a forma de marcação defensiva às bolas paradas.

Conclusões:
- Jesualdo quer implementar, dentro do seu sistema habitual, uma maior movimentação ofensiva com os jogadores a ocuparem diferentes posições, dada a polivalência de Rodríguez, Tomás Costa e Guarín. Resta saber se conseguirá manter as transições rápidas sem um jogador como Bosingwa na ala direita e que era uma das peças-chave desse tipo de movimentação.
- Tomás Costa é reforço e poderá fazer companhia a Lucho no meio campo ofensivo, mas tem polivalência para jogar mais recuado se Jesualdo optar pelo duplo pivô defensivo.
- Nuno tem estado em bom plano e afirma-se cada vez mais como séria alternativa a Hélton.
- Benítez e Rolando vão dando algumas notas positivas mas falta saber como se irão comportar quando se iniciar a competição a sério.
- Sapunaru é um jogador possante mas algo lento e será, em princípio, o defesa lateral direito (mantendo-se Fucile na esquerda).
- Entre Guarín e Fernando poderá estar o novo trinco para a próxima época.
- Rodriguez confirma os seus créditos e poderá “explodir” definitivamente num clube como o FC Porto.
- Alan deve ficar no plantel por várias razões, e porque Mariano continua instável não tendo ainda demonstrado que poderá ser titular indiscutível.
- Os miúdos Candeias e Tengarrinha que não esperem por mais oportunidades que aquelas que tiveram Castro e Ventura na época passada.

fotos: fcporto.pt