terça-feira, 14 de abril de 2009

The day after

Para o FCP permanecer na CL tem “apenas” de conseguir, com muito menos recursos e num mercado (interno) bastante pobre em termos de receitas, concorrer com os tubarões da indústria e os patrões do negócio.

Não dispõe o FCP – em princípio – de condições favoráveis para a superação dos constrangimentos referidos. Na época actual de (re)construção do plantel, achei que tínhamos poucas possibilidades de passar a fase de grupos, nomeadamente após o desaire com o Arsenal, em Londres.

Mas pode acontecer, em condições extraordinárias e se todos os factores que formatam o sucesso se conjugarem harmoniosamente, ser possível, no tempo certo, uma combinação de resultados e de exibições notáveis lá fora, muito superiores ao nível que vínhamos mostrando cá dentro. Esse caminho que se foi percorrendo caminhando, não obstante alguns revezes domésticos, foi possível porque se optimizaram as nossa forças e minimizaram as nossas fragilidades. E quando assim é, o limite fica adiado e passa a morar junto da esperança. Então, o sonho renova-se.

A equipa chegou a um nível competitivo excepcional, graças a um corpo técnico mais audaz que afinou as qualidades dos jogadores e passou a contar com mais alguns outros que a opinião geral tinha descartado. Este factor foi extremamente relevante, a meu ver, porque instalou uma confiança mais forte entre as partes. A confiança gera solidariedade, cimenta a coesão e sustenta o optimismo.

Estar nos quartos de final e discutir com o MU, taco a taco, a passagem às meias finais é um feito, seja qual for o resultado da 2ª. mão. Mas, o sonho comanda a vida. Acreditar que podemos passar não é uma utopia. Os jogadores devem acreditar e saber que se não forem bem sucedidos continuarão a merecer o nosso apoio, para o que resta – e não é pouco – possa ser ultrapassado com sucesso. Só pedimos que não tenham medo e que deixem a pele no campo.

Não quero os jogadores receosos. Saber desfrutar, como disse, o Lucho este confronto é importante. Indiscutivelmente que este FCP-MU transformou-se no jogo mais importante dos quartos de final e o mundo vai estar com os olhos pregados em nós.

Há que tirar partido da importância do evento, e há que demonstrar no terreno que estamos por direito próprio entre os melhores. E é esse reconhecimento o capital mais relevante a preservar, apesar dos disparates que a arrogância de Ferguson tende a desdenhar.

Os jogadores do FCP tem a palavra. Os adeptos não podem permitir que os adversários vençam no apoio à equipa. Temos de colaborar. Declaro os assobios à equipa definitivamente proibidos.


O FCP conseguiu notoriedade europeia – com extrema competência – embora o clube dependa demasiado (financeiramente) da venda dos seus mais valiosos activos. Apesar desse constrangimento e desse handicap, temos conseguido, até ao momento, refazer o plantel e continuar a lutar, olhos nos olhos, com os mais fortes.

Obviamente que a situação financeira é preocupante, se atendermos que a crise dificilmente deixará de nos tocar. Já vivemos no passado situações semelhantes e temos sabido ultrapassar os problemas. Temos que ser mais eficazes e temos de errar menos que os nossos concorrentes directos. As contas e a consolidação orçamental são importantes. Mas, temos de ousar encontrar os caminhos da conciliação entre esse equilíbrio e o investimento que produz riqueza. Mas, não é obra fácil, nem coisa pouca.

O futuro está complicado no plano interno e externo. O reforço da nossa continuidade entre os maiores da Europa vai ser tarefa árdua. Apesar das dificuldades, acho que o FCP tem futuro e que vai sobreviver e crescer, ainda que tenha de vender mais algumas jóias do coroa.


A Europa é uma miragem e um destino. Vamos ter de continuar a saber esconder as fraquezas e delas fazer a nossa força. Precisamos das receitas da CL, por isso temos que lá estar. E para lá estar temos de ganhar. E para ganhar temos de ter uma equipa competitiva. E para a constituir temos de formar jogadores e contratar outros tantos – a preços compatíveis - capazes de se envolver num processo evolutivo que lhes permita competir com as equipas de topo.

Complicado? muito! Mas é esse o caminho, como foi no passado. Seja qual for o resultado de amanhã, estarei sempre muito orgulhoso do meu FCP!

6 comentários:

José Correia disse...

«Se para a primeira mão Alex Ferguson preparou as coisas de forma ligeira, para o segundo jogo, o de amanhã, não se esqueceu de nada: meia equipa a descansar no jogo de sábado para o campeonato, alfinetadas a Cristiano Ronaldo para o espicaçar e o responsabilizar, todos os jogadores convocados para virem ao Porto, incluindo até alguns meio lesionados. Meteu toda a carne no assador e faz um apelo à confiança para este jogo. Neste contexto, é evidente que Rio Ferdinand vai jogar, provavelmente o lateral-direito Rafael também.

Esta é uma final. Este chamamento ao orgulho é simultaneamente a força do Manchester, porque tem muitos grandes jogadores, e a fraqueza de uma equipa que não contava estar nesta altura com tantas dúvidas. O futebol é o momento e neste momento o FC Porto está melhor do que o campeão da Europa em título. Tem feito melhores resultados, está mais confiante, entra em vantagem para esta segunda mão, tem pela frente uma grande oportunidade de chegar às meias-finais da Liga dos Campeões, tem menos problemas para resolver.

Creio que o Manchester vai tentar fazer no Dragão o que fez em Milão frente ao Inter, nos oitavos, que é entrar em força para mostrar ao que vem. Não para surpreender o FC Porto, mas para tentar impor a sua lei, a lei de quem acha que é mais forte, tentar criar medo no estádio, criar esse medo cénico que às vezes afecta as equipas que jogam no seu reduto. Este é daqueles jogos em que os adeptos vão sofrer e têm que ser capazes de mesmo assim apoiar a equipa.

Creio que será um jogo diferente, bem diferente daquele que o FC Porto disputou com o Atlético de Madrid, apesar de o resultado da primeira mão ter sido o mesmo. Desta vez os dragões têm que ser capazes de deitar fogo desde o início, têm que procurar criar medo no adversário também. Em boa parte, foi aquele ímpeto inicial de Old Trafford que também permitiu o ímpeto final, porque a equipa já se tinha convencido de que era capaz. Foi capaz de acabar bem e meter um golo aos 89 minutos porque nos primeiros cinco também pôs em sentido o Manchester. Vai ser preciso correr riscos mas nada é pior do que o medo.

Creio que Jesualdo Ferreira é hoje um treinador muito mais confiante e mais seguro, porque a equipa foi crescendo. E também ele quer as meias-finais e sabe que é frente aos poderosos que se tem que mostrar poder.»

Manuel Queiroz
in 'De Trivela', 14/04/2009
http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/detrivela/

José Correia disse...

Estar nos quartos de final e discutir com o MU, taco a taco, a passagem às meias finais é um feito, seja qual for o resultado da 2ª. mão. Mas, o sonho comanda a vida. Acreditar que podemos passar não é uma utopia.É isto mesmo.
E que lindo que era que, no final do jogo, os jogadores pudessem dedicar o apuramento para as meias-finais a quem mais o merece: o treinador Jesualdo Ferreira.

Deixem-me sonhar!

Unknown disse...

Desejo que todos nós, expunhamos no belíssimo palco do DRAGÃO - o que é ser do F.C. PORTO!

É que não há dinheiro que compre, a auréola do facto de se ser DRAGÃO!

São aquelas "coisas" que não se sabe explicar - mas que se sentem!!!

ATÉ OS COMEMOS!!!

Anónimo disse...

Excelente post.
Diria mesmo que é inspirador.
Bem haja aos autores deste blogue que me obrigam a visitá-lo frequentemente.
criticaportista.blogspot.com

PABAR 76 disse...

Hoje no Dragão, F. C. Porto e Manchester United decidem qual dos dois clubes estará presente nas meias-finais da Champions League. O empate a 2 golos averbado em Old Trafford aliado à brilhante exibição deu à equipa e a todos nós adeptos, um capital de confiança extra e expectativas altas para o jogo desta noite. Sabemos que nada está ganho, muito menos está perdido, o que contraria todas as teses que defendiam uma eliminatória fácil para o Manchester United e uma viagem ao Porto em passeio.
Esperamos ganhar e vamos em busca dos nossos objectivos, não temos medo de dizer que queremos ser campeões europeus novamente e não o dizemos de forma gratuita como outros o fazem. Sabemos o valor que temos e também estamos cientes do valor dos adversários, mas hoje no Dragão tenho a certeza que no final a nossa equipa vai ser ovacionada.

bLuE bOy disse...

Hoje, como noutros deste calibre, não está mesmo com nada... ainda demora muito p'abalar pó Dragão? dasseee :D

Acredito e aposto todas as fichas nestes "nossos meninos"... acredito que este, provavelmente, será ainda mais dificil e complicado do que o da semana passada, até porque no final dos 90 min, não há mais mas, nem menos mas, é agora ou nunca!!!

Eu acredito que é... agora!!!

Bamos a eles, como tarzões, carago!!!