sábado, 4 de abril de 2009

O Síndrome de Chalana

Lisboa, é a cidade da luz, da águia, do bom tempo e da alegria. Nesse dia, porém chovia abundantemente. Portugal jogava o acesso ao Europeu com a URSS, marcado para o estádio do SLB.

Cabrita tinha insistido, durante toda a semana, na jogada tipo : bola em Chalana, corte para dentro, fuga veloz na direcção da grande área, até bater no primeiro obstáculo, (leia-se adversário) que lhe aparecesse pela frente, se possível dentro da grande área, ou então muito perto. Talvez bastasse !

E bastou : Chalana cumpriu exemplarmente o que lhe tinham pedido : correu, fintou, flectiu para dentro, bateu e depois de uma brilhante meia pirueta mergulhou com estilo sobre a linha. O árbitro zelosamente marcou grande penalidade. Jordão transformou e lá fomos até França onde cumprimos um bom europeu : Portugal foi eliminado nas meias finais pela equipa da casa, por 3-2.

Não obstante o relativo êxito da nossa campanha, um jovem não conseguiu esquecer aquela queda. Tinha assistido ao jogo da Luz e ficou siderado com a simulação de Chalana e pelo facto do crime ter compensado. Apesar de ser um patriota, a sede de justiça falou mais alto. Decidiu cursar direito e jurou que – se Portugal não pedia desculpa à URSS porque o império implodiu – haveria de ser ele a pôr ordem no Futebol em Portugal e acabar de vez com as simulações, a bem da verdade desportiva nacional.

Haveríamos de ser um exemplo para o mundo da bola, e sempre que possível à custa daquele clube do Norte que já por essa altura treinava a chama para ser o melhor e, por isso, serviria optimamente como suspeito.

O célebre golo de Maradona, com a mão de Deus, pô-lo definitivamente na trilha do desporto, da justiça, contra todos os hereges que invocassem o nome de Deus em vão e viciassem a verdade desportiva, sobretudo a sujeita à denúncia pela Comunicação Social do costume.

Ricardo Costa é o nome do rapaz que se fez homem, e que teve finalmente a oportunidade de combater o síndrome de Chalana que tão dolorosamente o atacou.

Lisandro foi o meio para atingir esse fim. Vale mais tarde que nunca. Desde que assumiu tão sábia condenação, tirou um pesado fardo de cima dos seus ombros. Sente-se aliviado e feliz. A sua auto-estima aumentou. Que se cuidem, os simuladores, nomeadamente os desse clube do Norte !

Detesta essa gente (excepção a Rui Rio), as neblinas, o frio vento do norte, o granito. E Pinto da Costa.

Lucho foi carregado à margem da lei por Reyes, perdeu o equilíbrio, deixou de poder controlar a bola e tentou continuar a jogar quase aos trambolhões. Obviamente que o seu esforço foi debalde. O toque recebido do adversário tinha sido eficaz. Não pôde prosseguir, mas o árbitro não sancionou a falta, talvez porque Lucho não caiu.

Obviamente, que o toque não deve ter sido dado com intensidade suficiente, senão o homem só podia ter caído. Então, como haveria de ter sido marcada a grande penalidade ? Se não parece, não é. Cair, eis a questão. Saber cair, eis a forma.

Lisandro foi tocado por Yebda. Caiu e simulou a queda, segundo Ricardo Costa e seus muchachos. Não respeitou as leis da física que determinam que quem cai assim só pode estar a simular. O Cosme que o diga. Esse é que sabe e serve de modelo !

Ou seja, se Lisandro caísse em mergulho com cambalhota e mortal para trás, de certeza que não seria acusado de simulação, pois tinha agido conforme as regras da física a que o CD está obrigado a dar cumprimento.

De futuro, vamos ter bola e circo. As cambalhotas e os mergulhos têm de ser virtuosamente encenados, a bem da verdade desportiva e para ganhos futuros dos concorrentes do costume, que se andam a treinar para o efeito. Rui Costa chamou Chalana para finalmente o incumbir de uma tarefa : ensinar a rapaziada . Ele sabe como se faz !
Proença confessou os seus pecados. Está perdoado : não vai ser ex-comungado e vai continuar a pertencer, por direito próprio, à tribo que foi sempre sua, tendo prometido voltar ao tempos em que se podia orgulhar de dizer que com ele a arbitrar era mais fácil um camelo entrar numa agulha que o FCP vencer um jogo.

A paz voltou ao reino. Proença é um árbitro no bom caminho para a reabilitação, Ricardo Costa é esse Homo. Um homem com alma da gente da 2ª. Circular. Portugal no seu melhor !

1 comentário:

condor disse...

Estou de acordo com tudo o que o meu amigo nescreveu,excepto com isto:
ricardo bosta é o nome do RAPAZ que se fez "homem"??? Homem?Mas o gajo não passa de um rapazola!