quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vocês sabem do que estou a falar

Confesso. Li o livro do homem.

Há personagens no mundo do futebol, que estando mais ou menos distantes das minhas convicções, me fascinam. E uma delas é sem dúvida nenhuma: Octávio Machado.

O livro é uma súmula daquilo que durante anos, fomos ouvindo da boca do Octávio e de outras que se ouviam por aí, a algumas histórias deu nomes, a outras manteve-se no mesmo estilo de sempre.

A alergia que tenho a empresários (António Araújo à cabeça) deve-se em grande parte ao Octávio, e nesta luta estou ao lado dele. E por isso não deixa de ser delicioso o episódio com o Delane Vieira que tem este epílogo:

Numa das portas de acesso ao balneário, estou eu à conversa com o Amândio Alves, jornalista de A Bola. Para grande surpresa minha, vejo aproximar-se o Delane Vieira, preparando-se para entrar no balneário. Não me contive, disse ao Delane: «Não arranjes problemas, vai embora, o balneário é um templo sagrado, aqui dentro poucos são aqueles que têm o privilégio de usufruir deste espaço e tu não és um deles.» O Delane obedeceu, foi embora. Passados uns minutos, por uma outra porta que dava acesso ao túnel de entrada no estádio, surgiu o Pinto da Costa, que se pôs à conversa com o Luís César. Logo de seguida, pela mesma porta, entrou, todo pimpão, o Delane Vieira. Abri os olhos desmesuradamente e cravei-os no Delane, fitei-o durante algum tempo sem pestanejar. Perante o meu ar ameaçador, o Delane, com a língua expedita, disse ao Pinto da Costa: «Presidente, temos de resolver isto.» Não me tive em mim, à frente dos jogadores e demais responsáveis do FC Porto, ferrei uma estalada tal nas bochechas do Delane que este caiu redondo no chão. Não admitia que fosse desautorizado, amesquinhado perante os jogadores, aí alto! Caso contrário, perderia o respeito de todos eles. Os jogadores podiam gostar ou não gostar de mim, mas havia uma coisa que sempre tiveram por mim: um grande respeito. Eles sabiam que eu fazia tudo, mas mesmo tudo, em defesa daquilo que eu considerava sagrado, que era aquele grupo de trabalho. Eles sabiam que eu fazia tudo para os defender e não podia perder essa autoridade nem podia perder o respeito. Foi a maneira que eu encontrei de lhes dizer: «Desculpem tudo isto, eu possooaté ir embora, mas aqui ninguém brinca comigo nem me amesquinha.» Quando o Delane, embaraçado, se tentou levantar, pus-lhe um pé em cima, sentei-o outra vez e atalhei conversa: «Eu avisei-te para não te meteres comigo, disse-te que no dia em que te metesses comigo eu fazia-te a folha. Tu a mim não metes medo. E se começas a miar muito ainda te faço pior.» O Delane ficou-se.

3 comentários:

Nuno Nunes disse...

Independentemente de todo o trabalho que o Octávio fez ao longo dos muitos anos em que esteve no FC Porto não lhe perdoo a forma ressabiada, deseducada e desrespeituosa como se refere ao clube em público desde há muitos anos, como se este fosse a origem de todos os males no futebol em Portugal. Das duas uma, ou o Octávio é muito anjinho e não se apercebe das jogadas de bastidores em Lisboa ou então prefere continuar a ser desonesto e a maldizer o FC Porto. Esses, os que maltratam a casa que lhes dá guarida e que os faz crescer, que vão morrer longe.

Ricardo Campos disse...

o octavio machado será sempre uma pessoa obsoleta do mundo desportivo.

ele foi util quando os jogadores eram analfabetos e burros, agora continuam burros mas já sabem assinar o nome

Anónimo disse...

Em matéria de liderança de balneário o Octávio - o jogador mais anos treinado pelo Pedroto - aprendeu muito com o Mestre.

Certo ou errado ele não tem atacado o FCP mas sim certos actos e/ou omissões de quem o dirige.

Eu folheei o livro e a parte referente ao Sporting dá um retrato cómico/satírico daquele clube que me fez rir com prazer.

Enfim, não há homens perfeitos e o Octávio, com as suas obsessões e mitos, foi um grande servidor do FCP como jogador e como membro de equipas técnicas. pelo muito que fez pelo clube merece o meu respeito.