sábado, 16 de maio de 2009

Reflexão sobre o negócio do futebol


Na sequência do artigo 'O horário do FC Porto x Nacional', que publiquei no sábado passado, uma interessante análise feita por Luís Sobral, centrada no modo como os clubes "vendem" o seu produto e captam (ou não) novos adeptos.

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Reflexão sobre o negócio do futebol
Autor: Luís Sobral
2009/05/13
in 'Agência Financeira'

O futebol profissional português é provavelmente o produto mais fácil e mais difícil de vender.
Mais fácil porque toda a gente sabe o que é, toda a gente sabe que existe, toda a gente sabe onde está à venda.
Mais difícil porque toda a gente desconfia do seu valor, porque quem o fabrica insiste em gritar que o produto está estragado e porque a ocupação do espaço público é quase sempre feita de forma deficiente.

Os pontos fáceis dispensam, julgo, explicação. São evidentes. Ao contrário de outras actividades desportivas/culturais/lazer, o futebol profissional dispõe de abundante espaço de divulgação. Nos meios mais poderosos (televisões em sinal aberto, televisões por cabo, Internet, jornais e rádios) e, por consequência, também nas conversas informais (escolas, cafés, empregos, etc.).
Milhões de pessoas sabem que o F.C. Porto é tetracampeão. Apenas dezenas conhecem o nome da peça que está em cena no Teatro Aberto.

A vantagem de ter um produto exposto é aumentar a possibilidade de alguém o adquirir. Desde que o produto seja bom.
Aqui começa o problema.
O produto futebol português é, de uma forma geral, visto como pouco qualificado. Por razões pouco discutíveis: erros graves, desconfiança sobre a verdade desportiva, jogadores de qualidade duvidosa, estádios que oscilam entre o muito bom e o mau, horários incertos, nível de linguagem poucas vezes atractivo.
Na prática, o número de pessoas interessadas em pagar para ir aos estádios ver jogos de profissionais não excede, em média, as 100 mil. Um por cento da população, portanto.
Depois há mais alguns que aceitam pagar qualquer coisa para saber o que se passa no futebol português. São os que subscrevem a SportTV e adquirem jornais desportivos. Não existem estudos, mas acredito que muitos são os que também vão aos estádios.
Existe ainda uma categoria, bem maior do que a anterior: são os que aceitam ver futebol na televisão, sem pagar. Um pouco mais de um milhão (audiência média), todos os fins-de-semana.

Audiências dos jogos da época 2008/09 transmitidos em canal aberto (fonte: Marktest)


Façamos contas, então.
Apesar de divulgada como nenhuma outra actividade, o futebol só convence um por cento da população a pagar aos clubes. E se for de borla só atrai a atenção de dez por cento dos potenciais interessados.
No entanto, este número é multiplicado por quatro em grandes eventos que envolvem a selecção nacional, como Mundiais ou Europeus.

Isto significa, do meu ponto de vista, que pelo menos metade dos que habitam em Portugal nunca terão grande vontade de se envolver com o futebol. Passa-lhes ao lado. E estão no seu direito.
Mas existem dois, três, talvez quatro milhões de pessoas que até admitem ver futebol (e comprar cachecóis, camisolas, etc.) se os convencerem de que vale a pena. Os anos Scolari são prova suficiente.


Os dirigentes do futebol deveriam estar preocupados em estudar estas pessoas e encontrar formas de comunicar com elas.
Isto não se faz nos estádios. Esses já estão convertidos.
Fazê-lo nas ruas custa muito dinheiro.
Os jornais desportivos têm audiências cada vez mais reduzidas e são adquiridos, em princípio, pelos mesmos que vão aos estádios (somados os três jornais, hoje em dia falamos apenas em 150 mil compradores/dia).
A Internet é um meio poderoso, mas onde cada um é dono do seu destino (sites, blogues, Messenger, twitter, etc., etc.).
A televisão por cabo é ainda uma realidade distante para a maioria dos portugueses.

Conclusão: o meio mais eficaz para comunicar com massas continua a ser a televisão em sinal aberto.

Pois bem, que sucedeu no último domingo? A RTP1 deu meia dúzia de minutos à festa do F.C. Porto e depois remeteu-a para o programa de desporto (onde, claro, só estiveram os que habitualmente já têm contacto com o produto). A SIC manteve a sua programação. A TVI manteve a sua programação.

É este o estado do futebol em Portugal, incapaz de produzir conteúdo suficientemente interessante para atrair as pessoas que não estão já fidelizadas.

Num caso destes, que deveria ter feito o F.C. Porto? Interessar os grandes canais, como caminho para chegar aos que não são clientes regulares deste desporto e, por arrasto, da marca F.C. Porto.
Quando terminou o jogo com o Nacional, pelas 22 horas, cerca de três milhões de pessoas estariam a ver televisão em sinal aberto. Logo no momento de maior grandeza do clube.
Acontece que apenas uma ínfima percentagem de espectadores «participou» na festa. Chama-se a isto uma oportunidade perdida.

O desafio, numa situação como esta, é criar conteúdo próprio para resultar em televisão e adequado ao tempo que os canais poderiam dedicar à festa do título, se esta fosse, de facto, transformada num evento televisivo.

A ambição de alguém que gere um produto em que acredita deve ser comunicá-lo ao maior número de pessoas, pelo menor custo. Ao melhor estilo vejam como isto é bonito!
Num caso como este, o desafio era interessar quem gera audiência, conseguir chegar às pessoas que viam televisão àquela hora. Permitir conteúdo exclusivo para cada canal, garantir total disponibilidade para colocar câmaras próprias e permitir a personalização a partir do Dragão. Emissões curtas mas de grande eficácia, que depois poderiam continuar no cabo. Mas a mensagem principal teria passado.

No dia seguinte, os principais protagonistas deveriam ter ocupado o espaço de comunicação disponível. Nada disto aconteceu. Aliás, em Portugal os políticos aparecem. Os empresários aparecem. Os artistas adorariam aparecer. Os jogadores são escondidos, como se fossem incapazes de se responsabilizar pelo que dizem.
(um exemplo: há assessores de imprensa que impedem treinadores e jogadores de responder a perguntas que não digam respeito a futebol. E, mais estranho ainda, há treinadores e jogadores que aceitam esta limitação)


Os clubes portugueses ainda não perceberam que precisam de captar novos clientes. E isso só se consegue com um produto credível, bem arranjado e comunicando com quem ainda não o conhece/adquire.
Este é o desafio que as estruturas do futebol português e sobretudo os clubes têm pela frente. Nos últimos anos, a Liga fez um esforço na Carlsberg Cup e garantiu dois patrocinadores de grande fôlego (Unicer e Central de Cervejas). Mas a verdade é que o número de espectadores nos estádios decresceu e as audiências televisivas em canal aberto são hoje mais baixas do que há um ano.

Outra realidade: o futebol de primeira qualidade é um bom produto televisivo, que gera audiências. Mas o campeonato não se adequa à categoria «primeira qualidade», por isso na tabela anual de programas mais vistos em 2009 não aparecerá, estou certo disso, nenhum jogo da Liga Sagres nas primeiras 25 posições. (a partida mais vista esta época, um Benfica-Naval, teve audiência média de 1.8 milhões de espectadores; a estreia da novela «Deixa que te leve», da TVI, fez na segunda-feira 2.3 milhões).

As televisões precisam de futebol de «primeira qualidade»? Sim, basta olhar para as tabelas de programas mais vistos. Mas se continuar como está o futebol profissional português será um produto cada vez menos interessante. Por isso menos visto, logo menos «comprado». Logo, pobre.

Provavelmente nada disto interessa aos adeptos dos clubes, nos dias em que ganham. Mas devia preocupar quem está obrigado a fazer contas, sobretudo se tiver como ambição que algum dia saiam do vermelho.

Nota: As fotos e os destaques a negrito são da minha responsabilidade.

15 comentários:

Miguel Magalhães disse...

Na essência não discordo da mensagem de fundo do artigo: o futebol não se sabe promover e quem o vende está sempre a dizer que o produto não presta (excepto quando ganha...).
Mas há alguns pontos que podem ser acrescentados:
1. A clubite aguda ao nível dos 3 grandes que leva a que uma boa parte dos adeptos só compre o produto do seu clube na televisão (eu, p.ex., difcilmente vejo um jogo completo do Benfica ou do Sporting na televisão, porque o futebol jogado é mau e porque me enervam os comentários dos supostos comentadores) ; daí que as estatísticas têm que se analisadas à luz deste facto
2. Os jornais e televisões são totalmente manipulados por adeptos do Benfica e do Sporting que, sob a pele de jornalistas, promovem a suspeição no futebol e estragam o produto - Luís Sobral incluído. A TVI, RTP e SIC não ficaram em directo do Dragão no fim do jogo de domingo passado? se tivessem sido o Benfica ou o Sporting campeões iriamos ver se não ficavam. E não era porque o Benfica ou o Sporting fariam um melhor trabalho que o Porto nesse sentido mas sim porque as pessoas que gerem essem canais assim decidiriam. Quem se viu a comentar o título do Porto nas televisões nesse dia ou nos seguintes? conhecidos adeptos do Porto que as televisões procuraram ouvir ou os jogadores que as televisões quiseram entrevistar? claro que não! Foram os Rui Santos deste país que com ar de quem tinha comido um ovo com salmonelas lá iam dizendo que o Porto até foi um justo campeão. Mas mesmo com o Porto a festejar o título, a pergunta da semana do programa do Rui Santos era sobre a honestidade/qualidade da arbitragem em Portugal! sintomático, não?
3. Sintomático foi também que o tema da semana tenha sido, não o título do Porto, mas sim a novela da saída do Quique e tudo alimentado pela comunicação social e não por declarações de alguém do Benfica. Como funciona? fácil: os responsáveis do Benfica têm que desviar as atenções da péssima época que fizeram que poderia ser analisada à luz do título do Porto. Falam com os seus amigos jornalistas das televisões e jornais e passam as informações que entendem necessárias. Os jornalistas pegam nelas e divagam como entendem e ninguém fala do êxito do Porto e do fracasso do Benfica. Chegou-se a até ao ridículo de ouvir que o Jesus ia para o Benfica preferindo-o ao Porto, ou seja, uma vitória sobre o Porto. Se fosse ao contrário não funcionava pois o Porto não domina a comunicação social.
4. Muitos portugueses não gostam de futebol e não percebem nada de futebol mas todos são árbitros em potência. Só assim se entende que durante a semana haja uma quantidade indescritivel de programas para falar de futebol que acabam invariavelmente a falar dos árbitros. Está na génese dos portugueses típicos investirem o seu tempo a procurar culpados em vez de a produzir vencedores.
Enfim, este tema tem pano para mangas

HULK 11M disse...

Estou muito mais de acordo com o que disse o "Miguel Magalhães" no seu comentário do que com o artigo desse Luís Sobral!
Tivesse sido este um título conquistado por um dos clubes da capital e veriam as horas e horas que os canais televisivos e outros orgãos da CS do "regime capitalista" teriam dispensado ao assunto!
E nem é preciso fazer um grande esforço de memória: lembram-se da enorme importância dada à "Taça da Liga" ?

Penso que a "Liga de Clubes" deveria actuar com firmeza para com todos quantos colocam em causa a honestidade do negócio, sejam eles jornalistas ou agentes do futebol!
Mas enfim, já sabemos como as coisas se passam, e se fossem pessoas ligadas ao FCP a contribuir para o descrédito do futebol profissional, não tenho dúvidas que a Liga actuaria com o máximo de severidade!

José Correia disse...

Estou de acordo com as observações feitas pelo Miguel Magalhães, mas o facto de vivermos num país centralista e com a comunicação social dominada por benfiquistas e sportinguistas, significa que temos – FC Porto – de ser melhores na forma como “vendemos o produto”.

Conforme escrevi há uma semana atrás, num artigo sobre o horário do FC Porto x Nacional, se a hora de início desse jogo tivesse sido 18h00, 18h15 ou 18h30, teria terminado a tempo dos telejornais darem a notícia do Tetra, provavelmente fazendo directos ao Estádio do Dragão. Ora, seguramente que não foi por culpa da RTP, SIC ou TVI, que o jogo teve início às 20h15 e terminou às 22h10 (hora a que um dos principais públicos-alvo – as crianças – já estão a caminho da cama).

É verdade que temos de lutar contra uma comunicação social que, tendencialmente, nos é adversa, mas se nos pomos a dar tiros nos pés, isso também não ajuda muito.

HULK 11M disse...

De acordo, caro José Correia!
Penso que o FCP deve negociar com a "Sportv" no sentido dos seus jogos se passarem a realizar em horários que permitam uma maior visibilidade, quer em termos de audiências na CS, quer em termos de assistência no Estádio do Dragão!
Basta olhar para os horários dos jogos que se realizam hoje por essa Europa fora para verificar que muitos dos mais importantes se realizam nas tardes de hoje Sábado e de amanha Domingo!
O FCP deve fazer algo para passar a ter uma maior e melhor visibilidade na CS mas reconheço que a tarefa não é nada fácil.
Vamos lá a ver se aparecem contributos por aqui...

Zé Luís disse...

Também concordo com o primeiro comentário feito, muito bem feito aliás.

1) porque Luís Sobral, além de repetidamente acusado de censurar comentários, é um exemplo de quem promove mal o futebol no seu site;
2) descobrir que, afinal, há uma maioria de pessoas que não gostam de futebol (ou ligam pouco) já vem tarde, pois uma insuspeita empresa alemã de marketing chamou a atenção para o facto já este ano, apontou cerca de 4,2 milhões de portugueses interessados no futebol, reduziu a base social do Benfica a menos de 1/3 dos propagados 6 milhões e uns desacreditaram o estudo enquanto outros assobiaram para o lado;
3) a questão dos horários depende das televisões, seja a que transmite em canal aberto, seja a SportTV que antes do Porto-Nacional deu-se ao luxo de transmitir o Leixões-Académica, salvo erro...

É claro que o produto futebol é mal vendido:
1) nas televisões
2) nos jornais
3) nos sites como o maisfutebol
4) pelos clubes, que têm de se deparar com um facciocismo à sua volta que encurta o mercado e deixa-o à mercê da economia de escala que distorce a importância dos acontecimentos: vende-se a quem tem mais adeptos, não a quem joga melhor e conquista títulos em consequência de ser melhor.
5) o futebol pode ser fraco, mas o nível e a exigencia dos comentários e dos comentaristas - em que LS é mais uma vez um bom/mau exemplo - não faz por ser melhor;
6) as tv's não acrescentam muito ao espectáculo e contribuem nada para a verdade desportiva, ao não criarem elas próprias condições para lances polémicos serem melhor avaliados e os casos de bola dentro ou fora da baliza ainda hoje se discutem porque não se põem câmaras onde deve.

Há, por isso, um imobilismo a que o jornalismo, só de comentário ou também de câmara televisiva, se entrega, sem mudar nada, nem a miserável categoria de comentadores.

A este propósito, veja-se o novo, mais um programa Maisfutebol24, creio que assim se chama, em que se vê o Mozer ex-Benfica e um comentador que já assumiu que é benfiquista - mas estes gajos querem mudar o quê?

Não é fácil esta equação:
- há um bom produto
- não se vende o melhor desse produto
- procura-se um público-alvo que não está "satisfeito" com o produto que é o futebol da sua equipa
- não há cultura desportiva nem cultura de jogo porque os jornalistas-críticos não fazem mais e melhor por isso, influenciando o povo da bola
- não há, em suma, massa crítica, nem para quem teria capacidade para comentar o jogo e as suas múltiplas incidências, nem massa crítica que se chama pura e simplesmente consumidores.

Este último ponto, quanto a mim que simplesmente me deu para discorrer muito à pressa e em cima da hora sobre o assunto, já devia estar a ser equacionado quando a tal empresa alemã de marketing apontou 4,2 milhões de potenciais interessados no futebol, entre os 15 e os 65 anos. Ora, tendo a noção deste número, espera-se o quê das tv's e dos jornais?

Nada. Merda. Zero.

Por isso os clubes não podem fazer mais e melhor. Não é que tenham feito um esforço extraordinário para o fazer. Mas há um constrangimento grande que passa, vejam só, pelo veículo promocional que são os Órgãos de Comunicação Social!

Porquê?

Porque se fossem sérios e interessados e conhecedores do fenómeno, vendiam o seu produto da melhor maneira num mercado que é ávido em notícias e comentarios sobre futebol mas sabe que estes estão condicionados. É a benfiquização do assunto. Ponto final.

Esquecem que o boom dos jornais desportivos, quando se nivelaram todos como diários a partir de 95/96, conheceu picos inauditos de audiência e vendas, que superaram recordes nunca vistos e decerto irrepetíveis: o Record cedo começou a bater A Bola em vendas e audiências logo no 1º ano de diários e atingiu números de 100 e 120 mil de venda diária nesse período de 3 ou 4 anos.

E quem dominava o futebol?

O FC Porto! Foi pentacampeão e os desportivos não se ressentiram, porque na altura acompanhavam com seriedade e distanciamento o fenómeno, elogiavam quem tinham de elogiar e criticavam quem era suposto ser alvo de críticas.

Nunca os 3 grandes foram tratados de forma condizente ao seu nível então patente no futebol como nessa altura. Os fracassos dos clubes de Lisboa eram discutidos e aprofundados, não havia meias-tintas quando hoje são encobertos da forma mais ridícula e hoje ainda "dirigidos" com novas notícias e mais projectos de equipas-maravilha.

A TV só segue o padrão dos jornais, até porque a TV tem apenas o efeito mimético, não há lá matéria cinzenta para pensar no futebol e as caras são sempre as mesmas que enjoam, não trazem nada de novo nem que multipliquem a programação por mil vezes.

Resta acrescentar que, no período do Porto pentacampeão, não havia muito mais que exaltar no futebol português, porque salvo o Euro-96 (uma novidade, apesar do ferrete de ser Oliveira o seleccionador), nem a selecção fez algo de muito notável (falhou o Mundial-98 "por culpa" de Artur Jorge e não por Oceano ter falhado um penálti logo no 1º jogo na Arménia, além de depois prejudicada pelo efeito-Batta no jogo da Alemanha).

É isto. E o Luís Sobral que democratize mesmo o seu site, no qual já tenho receio (da censura) de comentar...

Zé Luís disse...

Ah, o Record que há 10 anos vendia 120 mil de média diária está nos 70 mil. Como já sabem do que se trata e como eles tratam o futebol e os clubes, não vale a pena fazer contas, pois não?

O futebol vendável está neste ponto.

Zé Luís disse...

Outro ponto importante:

acresce que o mesmo Luís Sobral fez um comentário desfasado da realidade mas bem ao jeito do wishful thinking que é a marca dos facciosos e dos lisbonenses alheados do mundo, desprezando o alargamento da base de apoio do FC Porto com a velhe e relha consideração de ser um clube da província.

Ele pensa que é fácil "convencer" adeptos do Benfica a tornarem-se portistas... Ou imagina que a capital irá deixar de ser Lisboa...

Um cretino da melhor espécie da que voga por aí...

Já agora, acabei de ver um anúncio de um debate no Leixões: quem chamaram:
Luís Freitas Lobo, Carlos Daniel e Manuel Silva, presumo que o "Fernandes" (nome do meio) que descreveu o golo anulado a Lucho no Porto-Trofense como "tentativa de jogar a bola com a mão"...

Estão à espera de quê?...

Azulantas disse...

Bem, quando o meu programa favorito sobre o futebol português é um Podcast produzido por 2 inglêses que vivem em Lisboa, é porque realmente algo vai muito mal com os média portugueses.

Já nem falo em jornalismo, mas tão sómente em comunicação. Não se sabe comunicar em Portugal. Ou não se quer saber.

Os clubes são a meu ver bastante responsáveis nisto, porque afinal é o seu producto, o futebol, que está em causa. Quando vendem o produto por tuta e meia, estão à espera de quê? Quando todas as semanas alimentam a suspeição sobre o próprio futebol (abitragem, sistema, etc) estão à espera de quê?
Quando, como diz e bem o José Correia, progamam os jogos para começar às 20h30 ou 21h00 estão à espera de quê?

Aqui, meus amigos, não há hipótese: ou todos os clubes concertam estratégias e recursos para "vender" melhor o producto futebol ou então teremos de esperar que qualquer luminária dentro de qualquer clube faça pela a vida e mostre aos outros como se faz.

Mais uma vez, ou esperamos sentados pelos outros, ou então o Porto pode tomar a dianteira do processo.

Para mim isto é muito mais importante que o museu do clube (que também é muito importante!).

Azulantas disse...

É mais assim que se vende o futebol: http://news.bbc.co.uk/sport1/hi/football/teams/m/man_utd/8053750.stm

Miguel Magalhães disse...

Um ponto que ninguém focou: e a Liga de Clubes? qual deveria ser o seu papel no meio disto tudo?
A meu ver, a Liga alinha na inércia de todos os outros agentes, preocupa-se em organizar (e mal) os jogos e não faz nada para mudar o estado das coisas.
Um projecto sério para a Liga deveria incluir a promoção do futebol. Como? ficam algumas ideias:
. criar sketchs ao estilo da NBA com os melhores momentos da semana, do mês, do campeonato e obrigar as televisões a passarem quando anunciam os jogos.
. criar um programa da Liga na RTP1 (como contrapartida deste canal ter os directos dos jogos em canal aberto) onde se preocuparia essencialmente em chamar público ao futebol
. reorganizar os horários dos jogos - estou totalmente de acordo com o comentário do José Correia (aliás, já tinha estado de acordo aquando do seu artigo sobre o horário do Porto-Nacional pois acabei por não levar nenhum dos meus filhos à festa do Tetra exactamente por causa do horário do jogo)
. promover acções junto das escolas obrigando os jogadores e treinadores a participarem nessas acções e distribuindo bilhetes para os jogos nessas acções (afinal, se as bancadas têm lugares livres porque não prencher esses lugares com jovens das escolas?)
Na minha opinião, a Liga deveria ser mais interventiva e deveria assumir-se como catalizador da mudança do estado actual das coisas.

José Correia disse...

Evidentemente, estou novamente de acordo com este último comentário do Miguel Magalhães.

Um programa na RTP sobre os aspectos positivos do futebol seria um bom começo, mas tenho dúvidas que, pelo menos de início,
tivesse uma grande audiência. Os adeptos portugueses gostam é de discutir as arbitragens, mesmo que seja para discutir lances que nem após N repetições na televisão são conclusivos.

Zé Luís disse...

e a Liga de Clubes?

A Liga é uma treta, marca jogos, distribuios árbitros (essa competência vai voltar à FPF e a um único Conselho de Arbitragem), recolhe as multas e distribui benefícios e prejuízos de disciplina.

Não mudou nada, só as moscas, nem quanto a patrocinadores, porque já o major VL tinha posto a máquina a andar, só que o mal-estar geral e o ambiente em que os próprios clubes torpedeiam a seriedade e o bom nome do negócio deitam tudo a perder.

Na Liga, como sempre, faz falta gente do futebol, que gosta e percebe o futebol, que tem a vida no futebol.

Programa de promoção do futebol?

Não era o que a RTP devia fazer? Porque não faz? O facciocismo doentio queima todas as boas intenções e os comentadeiros do regime é que estão bem.

Ja repararam que jogos e resumos dá a RTP, serviço público, da II Liga?

E, agora, a II Liga?

É que a Liga são 36 clubes onde, a cada um cabe um voto, a democratização tão ansiada, em vez dos votos esgrimidos pela representatividade via associações de futebol na FPF, que era muito contestada.

Não se consegue ser prior numa freguesia destas.

Porque ninguém se situa acima destas questiúnculas e não é capaz de um programa, sim, para salvar o futebol.

Zé Luís disse...

A Liga, desde há dois anos, não é capaz de fazer uma classificação de presenças de espectadores nos estádios só para o campeonato...

A tabela do site inclui jogos da Taça da Liga, o que falseia tudo como na época passada onde estava contabilizado o Benfica-V. Setúbal e o Porto não fez nenhum por não ter jogado em casa...

Rapidinhas disse...

Acho interessante a analise económica ao futebol e ao negócio do futebol. É fantástico haver um blog que abre uma discussão sem insultar a mãe de ninguém.
Em relação às novas tecnologias e oportunidades de negócio (gostei da ideia do iCalendar colocada à uns tempos), gostaria de pedir a opinião do José Correia sobre a viabilidade de leilão dos bilhetes.
O que achas de leiloar 1000 lugares do estádio online? Eu sou da opinião que somos o pais (e o clube) para lançar uma "moda".

José Correia disse...

Rapidinhas disse...
«Em relação às novas tecnologias e oportunidades de negócio (gostei da ideia do iCalendar colocada à uns tempos), gostaria de pedir a opinião do José Correia sobre a viabilidade de leilão dos bilhetes.
O que achas de leiloar 1000 lugares do estádio online? Eu sou da opinião que somos o pais (e o clube) para lançar uma "moda".»

Faltam-me elementos para responder a esta pergunta.
Por exemplo, actualmente, quantos bilhetes são vendidos através da Internet para cada jogo (em média)?

Por outro lado, a ideia de leiloar ou sortear bilhetes (e até lugares anuais ou viagens ao estrangeiro com a equipa) parece-me boa, se for devidamente enquadrada numa lógica de fidelização e/ou para premiar sócios que adquiram vários produtos/serviços do clube (Seguros, Cartão de Crédito, Cartões de combustíveis, etc.).