terça-feira, 23 de março de 2010

6 prioridades para a próxima época

A presente época ainda não chegou ao fim, longe disso: ainda podemos conquistar a Taça de Portugal, e resta uma esperança ínfima de chegar ao 2o lugar no campeonato. Mas se o treinador e jogadores se devem concentrar nos próximos jogos - é para isso que lá estão e que são bem pagos - não é nada cedo para que a direcção e os adeptos comecem a pensar na próxima época. Mas comecemos por umas reflexões sobre a época em curso.

Nesta temporada assistimos ao maior investimento de sempre no FCP em jogadores - pelo menos 45M€ (para além dos 31M€ no primeiro semestre tivémos ainda A. Pereira, O. Sá, Valeri, Maicón, M. Lopes e Beto antes de 1 de Julho, e R Micael e Addy depois de 31 de Dezembro); e aos mais elevados custos com pessoal (i.e. salários e bónus) entre clubes portugueses. Logo não foi certamente devido a qualquer contenção de despesas que não atingimos os objectivos: tal como em épocas anteriores "esticámos a corda" (aliás, por alguma razão contraímos em Dezembro um empréstimo obrigacionista superior ao caducado), ainda que sem cometer loucuras.

Apesar disso vimo-nos arredados da luta pelo título a 10 jornadas do fim, o 2o lugar por um canudo, uma final da Taça da Cerveja perdida sem brilho nem honra, uma equipa em baixa em vez de em crescendo à medida que o campeonato passa, e um potencial de mais-valias no próximo Verão claramente inferior ao da época passada - apesar de uma prestação honrosa (mas com saída humilhante) na LC. Que pasó?

O slb também investiu fortemente, com a diferença de que não venderam "jóias da coroa" (e isto à custa de empréstimos obrigacionistas ainda mais elevados do que os nossos, e a venda de % de jogadores a um fundo de investimento); mas penso que mais importante do que isso foi uma maior competência nas contratações, o acerto na escolha do treinador, e "colo" quando deu jeito (com a colaboração do ignóbil R. Costa).

No entanto a explicação de "colo" já não funciona para o Braga, que até foi em certa medida vítima (alô Vandinho); muito menos a de uma "fuga para a frente", tendo eles um orçamento umas 10 vezes inferior ao nosso (e é também unânime que o plantel é mais fraco do que o nosso).

Ilações para o futuro?

Antes de mais, penso que há que rever em baixa a estratégia de alto risco (ainda que não tão elevado como a do slb esta época, como expus em Agosto): subir a parada ainda mais - a única alternativa credível - seria hipotecar seriamente o futuro do clube. Nesse caso outra época má sucedida, e sem receitas da Liga dos Campeões, levaria a um impacto por muitos e longos anos. Sendo assim temos que rever significativamente em baixa o investimento em contratações, que tem andado entre os 20 e 40 milhões, tal como a altíssima rotatividade do plantel. Os 15M€ a menos em receitas da LC vão-se fazer sentir, principalmente a partir de Dezembro.

Em segundo lugar, um emagrecimento progressivo da "estrutura" no que está fora do "core business" (que é os jogadores): nomeadamente em custos de salário com administradores, directores, treinadores e restantes administrativos; e em FSE (Fornecimentos e Serviços Externos). Estas rubricas atingiram os 13M€ e 20M€, respectivamente, em 08/09 (e não andarão longe disso em 09/10). Estes custos (só por si umas 3x superiores ao orçamento total de um Braga) têm crescido imenso desde 2003 e precisam mais do que nunca de uma trajectória inversa se quisermos evitar um brusco "apertar do cinto" nas épocas seguintes.

Em terceiro lugar, a mudança de treinador - devido às limitações próprias previamente apontadas neste blog, Jesualdo chegou ao fim do seu "ciclo" no FCP: muito obrigado, estamos gratos pelo balanço geral positivo destes 4 anos, mas adeuzinho e boa sorte.

Penso que o próximo treinador deve encetar trabalho no dia seguinte à final da Taça de Portugal (se não for mais cedo), de forma a ter opinião mais formada sobre prioridades no plantel e possíveis dispensas - mas mesmo antes de se assinar contrato tem que haver uma discussão profunda entre ele e SAD sobre a adequação das ideias dele ao plantel e cultura do FCP, sobre as mais prováveis vendas de Verão, sobre o dinheiro que se estima disponível para investimento (no próximo Verão e seguintes), sobre os papéis de um e outros nas contratações e formação do plantel (com o treinador a ter um papel mais forte do que tem sido o caso), etc.

Em quarto lugar, fugir à tentação de revoluções no plantel: uma meia dúzia de entradas e saídas, não mais, até porque temos jogadores subaproveitados. Nas entradas, repescar para aí uns 3 emprestados (Ukra e Castro são os mais fortes candidatos, mas há outros), comprar um par de jogadores que tenham dado nas vistas no campeonato português (de longe o mercado de compras com melhor rácio sucesso/custo ao longo dos últimos anos), e uma eventual contratação de mais monta no estrangeiro (dependendo do dinheiro encaixado em vendas); não escamoteando a possibilidade de mais outra barata (i.e. 2M€ ou menos) de elevado potencial, seja em Portugal ou no estrangeiro. E chega bem.

Nas saídas, vender um ou no máximo dos máximos dois titulares se aparecerem boas propostas (e não me acredito que apareçam propostas superiores a 20M€), e entre os dispensáveis privilegiar os que tenham mais mercado (mesmo que não sejam os menos úteis), mesmo que sejam libertados "de borla" caso tenham salários muito elevados; Farias é um exemplo desse tipo de jogador. Entre os mais indispensáveis coloco Falcao no topo da lista, apesar de possivelmente ser o jogador com mais mercado: faz muita falta e vai bem a tempo de ser vendido numa das épocas seguintes. Já Meireles é, dos titulares com mercado, porventura o que mais facilmente será substituído (penso que um meio-campo com Fernando, Rúben e Belluschi pode ser interessante, se bem trabalhado).

Em quinto lugar, evitar a aquisição de % de passes de jogadores que já nos pertencem (como fizémos este ano com T. Costa, Fernando, Guarin, Falcao) , a não ser que seja por uma pechincha - o que não foi de todo o caso nos casos mencionados. Quem tem uma situação financeira apertada (para não falar num plantel curto) não pode dar-se ao luxo de jogar no casino.

Em sexto lugar, deixarmo-nos de ser "comidos de cebolada" nas instituições, nomeadamente LPF e FPF: temos certamente poder suficiente para evitar que sejam controladas pelo slb a seu bel prazer, começando por um trabalho de casa diligente nas próximas eleições na Liga (muito ao contrário do que aconteceu nas duas eleições anteriores).

Encerro assim as linhas-mestras do que penso ser desejável para a próxima temporada. Como ficou bem explícito, penso que a mudança de treinador é mais do que desejável mas muito longe de ser a única medida necessária ou até mesmo suficiente. Naturalmente, o sucesso desportivo depende também imenso do pequeno "detalhe" da qualidade de execução: começando pelo acerto na escolha do treinador, ou em contratações cirúrgicas - a margem de erro é muito mais baixa, e o trabalho de casa pela frente é portanto imenso. Esperemos que tudo corra pelo melhor, o que é perfeitamente possível.

Cabeça fria para todos e muito trabalho dedicado e honesto para quem lá está dentro, é tudo o que se pede.

20 comentários:

amorim disse...

mais um gestor da coisa alheia

Azulantas disse...

Zé, subscrevo por inteiro.

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

Totalmente de acordo.

Num ano onde se investiu tanto (valores aproximados de muitos grandes Europeus de ligas de muito maior potencial) não se pode apresentar um plantel tão fraco e resultados tão negativos. E estou farto de ler adeptos a queixarem-se da Liga. A Liga deu o titulo ao Benfica, mas que eu saiba ainda vamos a uma boa distância do Braga, logo isso não é desculpa.

Quanto à politica para a próxima época defendo que, a mudar de técnico, ele deveria trabalhar desde já. Uma decisao de mudança/manutençao de Jesualdo já deveria ha muito estar tomada e o mercado sondado. Esse técnico deveria ter "carta branca" para organizar dispensas e elaborar, como bem dizes, um conjunto de jogadores repescados e investimentos de baixo risco, especialmente dentro da nossa liga.

Foi precisamente com jogadores a actuar em Portugal que quebramos a malapata das grandes contrataçoes como Pavlin, Maric, Quintana e companhias... Haverá aí certamente Derleis, Nunos Valentes ou Paulos Ferreiras que se poderá potenciar. É preciso é estar atento agora, e não quando começarem a vir os rumores de que o Benfica os vai comprar lá para Junho. Parece que nos últimos anos voltamos à politica de comprar só para lixar as águias. Enfim, lembramo-nos todos do bom resultado que isso deu da primeira vez com os Sokota e amigos.

Um abraço

RS disse...

Caro José Rodrigues,

Concordo em absoluto com o seu discurso. Encetar uma "caça às bruxas" no plantel, como defendem alguns adeptos, seria dar um tiro no pé e repetir o erro que as gaivotas tantas vezes cometeram no passado para nosso contentamento. Sinceramente, não acho que o nosso plantel deste ano seja tão fraco quanto o pintam. É sobretudo um plantel desequilibrado, relativamente bem servido atrás, com muita gente (boa e má) para o meio mas poucas soluções efectivamente fortes para a frente. Seja como for, julgo que com outro treinador e consequentemente com outro tipo de motivação incutido nos jogadores, o rendimento deste plantel teria sido substancialmente superior e, de certo, ainda estaríamos na corrida pelo título.

Por isso mesmo também sou defensor de uma "revolução" serena para a próxima época. Como disse, e bem, a margem de erro é curtíssima pelo que todo o cuidado é pouco na hora de pegar no bisturi. É de todo proibido voltar a tropeçar em Guaríns, Prediguers e outros que mais. O mercado interno está cheio de soluções. Foi ao mercado interno que o Mourinho foi buscar matéria-prima para as grandes conquistas, convém não esquecer...

O fundamental, nesta hora complicada, é não alinhar em histerismos colectivos. Há que dar a volta com inteligência e tranquilidade... E esta da "tranquilidade" saiu-me sem querer...

José Rodrigues disse...

No artigo não abordo os *erros de execução* desta época, que os houve (como aliás haverá sempre).

Houve alguns cruciais, a meu ver:

1) continuar com JF e sem Lucho. Ou se continuava com Lucho (a minha opção preferida), ou saiam os dois (pela porta grande).

2) um plantel de facto desequilibrado, principalmente: ter um único trinco na 2a parte da época;

José Rodrigues disse...

(continuando)

- conhecendo-se JF, contratar-se médios ofensivos (Belluschi e Varela) q não encaixam na sua filosofia (em q não há lugar para jogadores de bola no pé). Parece-me q houve uma certa falta de coordenação entre o processo de selecção de reforços e o modelo do treinador.

- ter um esquema q assenta num 4-3-3 (com um finalizador clássico, ainda q técnico) e ao mesmo tempo ter um único extremo no plantel (Varela); Rodriguez é "meio-extremo", Hulk nem isso e Mariano tb não.

- lesões: não sou perito mas acho estranho tantas lesões, muitas delas não traumáticas. Diz-se q a pré-época no calor da Andaluzia teve influência nisso, tal como a mudança de Azenha para J Gomes (tanto quanto sei o responsável pela preparação física); não sei se há qq verdade nisso mas q é um pouco estranho lá isso é.

José Rodrigues disse...

"Parece-me q houve uma certa falta de coordenação entre o processo de selecção de reforços e o modelo do treinador."

Esqueci-me de dizer: claro q se pode ver isto pela perspectiva oposta, i.e.: o treinador foi demasiado casmurro (ou faltou-lhe arte) para adaptar o seu modelo à matéria-prima disponível...

Bernini disse...

Será que o plantel do Braga é mesmo inferior ao nosso?? Não estou tão certo disso...

Miguel Lourenço Pereira disse...

"Será que o plantel do Braga é mesmo inferior ao nosso?? Não estou tão certo disso..."

Bernini, não acho que o plantel do Braga seja superior ao nosso. E não acredito que o Domingos seja um génio dos bancos. E por isso irrita-me mais a incapacidade que temos em manter-nos ao mesmo nível na tabela.

Além do mais acho que o Vandinho (e o Mossoró na época) faz mais falta ao Braga do que o Hulk ao FCP pelo que a fdputice do Costa fez-lhes mais dano a eles do que a nós.

E isso explica bem o fracasso do ano. Perder um titulo é perfeitamente aceitável. Cair para terceiro, com uma equipa com um micro orçamento e um plantel ajustado, é injustificável ainda mais porque este Braga nao tem o estofo que teve o melhor Boavista. Como se viu aliás na goleada no Dragao.

O FCP é um caso claro de má gestao extra e desportiva. A gestao de plantel, a forma como foi confeccionado com um desiquilibrio atroz, a preparaçao fisica e a incapacidade mental de dar a volta a resultados adversos explica muito do que se passou este ano. Se ficarmos fora da Champions é mais demérito nosso do que mérito do Braga.

Bernini disse...

De Miguel Pereira para Miguel Pereira...lol

Vamos comparar as equipas de Porto e Braga... Julgo que estamos de acordo que na baliza estamos melhor servidos, Helton é sem margens para duvidas superior ao Eduardo. Mas é na defesa (sector chave), que perdemos claramente para o Braga. O João Pereira era muito superior a qualquer um dos 3 nossos defesas direitos. O Evaldo (que até foi nosso jogador) é 10 vezes superior ao Álvaro Pereira, isso é inegável. O Braga dispõe da melhor dupla de centrais do campeonato, Moisés e Rodriguez são dois grandes centrais... grandes demais para o clube que representam (Paulão e André Leone são duas boas alternativas). Vandinho é de facto dos melhores trincos no campeonato (nesse aspecto o CD do R.Costa soube atacar bem, privou o Braga de um jogador essencial na equipa), mas não é superior a Fernando, são jogadores que estão num nível idêntico, ainda que o Fernando seja mais novo e com uma margem de progressão assinalável. O Mossoró não perde em nada para o Raul Meireles, o Hugo Viana perde para o Ruben Micael, mas é melhor jogador que o Beluschi...e ainda foram buscar o Luís Aguiar. Até nas linhas eles estão melhor servidos, Alan é melhor que qualquer um dos nossos extremos. Era um jogador que aquando da passagem pelo Dragão deixava muito a desejar. Mas em Guimarães cresceu muito, foi um erro a sua dispensa, principalmente porque encaixava como uma luva no nosso sistema. Matheus e Paulo César também são muito bons, especialmente este último que decide muitos jogos. No entanto estão num nível idêntico a C.Rodriguez e Varela. Há muito que digo que o C. Rodriguez não está a ser devidamente utilizado, ele é um medo interior esquerdo, apenas adapta-se bem na linha porque é rápido, mas faltam-lhe outros ingredientes essenciais para um extremo... Em ponta de lança nós estamos bem melhor servidos, o Falcao é de facto melhor que o Meyong...
Além disso eles dispõem de boas alternativas, como Adriano, Renteria, o Andrés Madrid ou o Rafael Bastos, o Filipe Oliveira, etc... melhores que a nossa legião de sul americanos habitualmente no banco...

Unknown disse...

A saída de Fernando Gomes da SAD, nada foi que mais uma manobra.

Fernando Gomes vai ser o próximo presidente da Liga.

Unknown disse...

tenho uma duvida ha muito na minha cabeça sobre a estrutura financeira do fcporto...
So o futebol é q gera lucro? Sera que as outras modalidades, como a nataçao, andebol (1º lugar), hóquei (1º lugar, 8campeonatos consecutivos), basquetebol, vólei, bilhar, AUTOMOBILISMO, etc. nao geram dinheiro para a SAD ou clube?
nem q seja uns milhares por ano ja dava jeito...

Nunca soube os fluxos de caixa destas actividades e nao ficaria contente, se apos uma epoca de despesa inutil (esta epoca foi o descalabro e estoiro de dinheiro), estes fossem nulos ou negativos. temos de ser mais perspicazes nas areas financeiras e sustentáveis!

Nao acho q foi por acaso q o DrFernando Gomes renunciou a pasta financeira da SAD. Talvez algo de negro se avizinha.se

Miguel Lourenço Pereira disse...

Bernini "Miguel Pereira" ;-)

Acho essencialmente que a grande diferença é a forma como ambos os jogadores estao motivados e explorados. Há jogadores no platel do Braga que estão a ser "espremidos" e "optimizados" ao máximo. O que nao se passa com muitos do nosso plantel.

Concordo com a tua analise ao onze base de ambas as equipas. Na baliza e no ataque estamos melhores servidos. Na defesa acho que há um equilibrio (excepto nas laterais) e é no meio campo onde perdemos (mas aí perdemos tambem com quase todos...)

O problema é que o onze do Domingos foi feito a pensar nos jogadores que tinha. O do FCP na teimosia do técnico. Tinhamos plantel para jogar em 4-4-2 losango ou 4-2-3-1. E estamos encalhados num 4-3-3 sem extremos no plantel, sem médios defensivos de garantias para o Fernando e sem um lateral direito desiquilibrante. E isso nota-se claramente.

Um abraço

Pedro disse...

Gustavo,
O futebol não gera lucro. Existem resultados extraordinários decorrentes de negócios de transferências que criam lucro em alguns anos. Mas a realidade é que, desde a criação da SAD, ainda existem prejuízos acumulados, isto é, se somados todos os resultados, temos prejuízo acumulado.

As outras modalidades nada têm a ver com a SAD de futebol, mas apenas com o clube. O FCP, que é associação com utilidade pública, alberga as actividades amadoras que têm estrutura independente da SAD. A SAD é uma empresa que paga renda de utilização do estádio, que paga aos jogadores de futebol, que recebe da televisão direitos dos jogos de futebol, que recebe receita de bilheteira e que recebe uma parte das quotas de sócios porque naturalmente muitos sócios o são porque querem ver os jogos da equipa criada pela SAD.

A SAD tem 11 anos, o clube tem mais de 100. Têm NIF diferente e estruturas diferentes. Por opção, o presidente de um é tb o presidente do outro, porque o clube tem direito a nomear alguns administradores, porque o clube é o principal accionista da SAD.

Se as outras modalidades nada têm a ver com a SAD, não faria muito sentido que os seus fluxos de caixa pudéssem ser usados pela SAD. Podem ser usados pelo clube, mas o clube não mexe com futebol, com transferências,etc...

Unknown disse...

Pedro, obrigado pelo esclarecimento! faz todo o sentido...

Guardarei o teu comentário porque esta muito elucidativo!

Santiago Salas disse...

OFF TOPIC

Vão ao blog anti lampião que é mais uma boa fonte do que é a desinformação em Portugal.

http://oantilampiao.blogspot.com/

Há um link directo para o anti na lista de blogues aqui no reflexão.

Bernini disse...

Miguel Pereira,

Do teu último comentário retenho um aspecto que já vem sendo referido à algum tempo, o facto de Jesualdo não ser um treinador versátil, é daqueles treinadores que não sabe colocar a equipa de outra forma... Fernando Santos também era assim no Porto, sempre com o 4-3-3, e disso não abdica, mesmo sem jogadores com as devidas características para esse esquema.
Há um dado que referis-te e que me parece essencial, a falta do lateral direito desiquilibrante. O quão é importante actualmente que os laterais levem a equipa para a frente, como faziam Paulo Ferreira e melhor ainda o Bozingwa. Mas julgo que na esquerda não estamos muito melhor servidos, Álvaro Pereira vacila, e de que maneira, nos jogos com maior grau de exigência. Não é mau de todo a atacar, mas defende mal e não ataca com equilíbrio. Continuo a achar que devíamos ter contratado o Alonso ao Nacional, até viria a custo zero, mas preferiram empatar 4 milhões num uruguaio vindo da Roménia, valor esse que nunca mais será recuperado.

Cumprimentos.

Pedro disse...

Por nada Gustavo,

eu é que agradeço o teu simpático comentário

Miguel Lourenço Pereira disse...

Bernini,

Precisamente, o JF lembra-me muito o Fernando Santos, mas apesar dos titulos considero-o ainda mais limitado. O 4-3-3 do engenheiro funcionava (quando funcionava) porque apesar de tudo nessa altura tinhamos dois extremos de primeiro nível (Drulovic e Capucho) e um ponta de lança fenomenal, do melhor que já vi. O jogo aéreo funcionava e assim ganhamos muitos jogos, porque o futebol jogado a meio campo era penoso.

O trio Paulinho (Chainho)-Zahovic (Deco)- Alenitchev (Doriva) não era mau, mas o futebol saía sempre muito mastigado. Mesmo assim parece-me um trio (ou sexteto) superior às opções que temos hoje. A diferença é que, ao contrário de JF nos anos em que foi campeao, o Sporting que apanhamos entao estava muito bem apetrechado, o Boavista estava no seu melhor (a distintos niveis, dentro e fora do jogo) e a Liga também deu a sua ajudinha. Um pouco como este ano, vamos! E aí está a diferença para mim.

Hoje em dia é fundamental ter 1, 2, 3 modelos de jogo. Uma equipa fixa é uma equipa previsivel, estática e facilmente dominada. Basta ver que o super-Barça teve de inventar este ano uma variaçao de um sistema que no ano passado diziam perfeito. Parar é morrer. Jesualdo parou no primeiro ano. Depois fomos definhando e perdendo as joias que iam compensando a diferença.

Pessoalmente nao tenho problema com o 4-3-3. Tenho problemas quando um 4-3-3 é aplicado sem jogadores para a tactica em questao (exceptuando Meireles que devia acentar bem como segundo médio, ao jeito de Maniche). Um medio defensivo que joga de central quase, um medio criativo que nao cria, dois extremos que nao fazem a ala, centram ou desiquilibram e um ponta de lança forçado a vir atrás buscar jogo. Isso nao é um 4-3-3. É uma salgalhada.

Por fim, dizes bem, a questao dos laterais tambem é prejudicial. O Mourinho explorou bem a dinamica de lateral que sobe-lateral que fica com o PF e o NV. No ano do Bosingwa tivemos o mesmo, com o Fucile a tapar os buracos à esquerda. Hoje nao temos ninguem. Nem para tapar nem para subir. E como os defesas centrais nao sabem sair a jogar, os laterais nao passam do meio campo e o medio defensivo actua como 5 defesa, o desiquilibrio é inevitável, a falta de apoio aos medios impede-os de pressionar alto e surgir à frente da baliza e a linha avançada tem de recuar demasiado. Enfim, de primária. Pena que o "tricampeao" JF nao o tenha entendido ainda.

um abraço

Bernini disse...

É verdade... o Porto de Fernando Santos disponha de melhores soluções que o Porto actual! E com esse PL chamado Jardel a equipa só poderia jogar dessa forma...mas as coisas agora não são assim...

Muito bem vista essa situação do Barça. Apenas a substituição de Etoo por Ibraimovic obrigou a alterações no seu sistema de jogo... coisa que Jesualdo não foi capaz de provocar no Porto, dadas as saídas importantes...

Cumprimentos.