sexta-feira, 21 de maio de 2010

Del Neri e as “vacas sagradas”

Por Miguel Lourenço Pereira

Não são muitos os clubes que têm de enfrentar o peso da mudança de um ciclo poucos dias depois de se sagrarem reis da Europa. A saída, previsível mas tempestiva, de José Mourinho abriu um vácuo que parecia ser impossível de tapar. Pinto da Costa procurou a surpresa com que ninguém contava mas o risco pareceu-lhe demasiado e voltou atrás, mesmo antes da bola começar a rolar. Afinal, quais foram os pecados mortais de Luigi “Gigi” Del Neri?

Numa dessas noites quentes do Julho de 2004, o FC Porto defrontou o Liverpool. O titulo europeu conquistado sem discussão em Gelsenkirchen permitia ao clube do Dragão conseguir um cachet considerável num torneio de campeões nos States. A oferta era impossível de recusar. Camisola nova, rostos novos e um ambiente pesado. A imprensa veiculava um (real) mal-estar entre o novo técnico e os pesos pesados do balneário. As “vacas sagradas” não gostavam dos métodos de treino e de relação do novo técnico com o plantel, depois da experiência “cientifica” com Mourinho. O técnico sadino tinha levado consigo Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira, enquanto que Deco (que tinha a transferência para o Barcelona garantida) Dimitri Alenitchev e Pedro Mendes também tinham abandonado o navio. Mas havia mais jogadores com vontade de abandonar o Porto. Derlei, Carlos Alberto, Costinha, McCarthy e Maniche à cabeça. Do outro lado, o grupo de veteranos da casa, liderados pelos capitães Baía, Jorge Costa e Pedro Emanuel, mostrava-se pouco partidário dos métodos do italiano e, mais ainda, da possibilidade de ficar de fora dos seus planos radicais. Nessa noite o FC Porto fez, talvez, a sua melhor exibição da época. Era um amigável, é certo. Mas o rival viria a suceder aos “dragões” como rei da Europa. E as mudanças no terreno de jogo face ao mandato Mourinho estavam à vista. Pinto da Costa não tinha trazido um técnico italiano convencional.

Del Neri foi um jogador medíocre e um técnico desconhecido até que aterrou em Verona. No Chievo, o segundo clube da cidade, fez milagres e levou os gialloazule da Serie B à Taça UEFA em dois anos, sempre assente num estilo de jogo ofensivo, que apostava num 4-4-2 aberto que rapidamente se transformava num 4-2-4. Um jogo sustentado por rápidas transições nos flancos e um meio-campo de combate. A sua escolha para treinar o FC Porto surpreendeu tudo e todos e chegou a uma equipa com um plantel que contava com muitas caras novas, como os laterais Seitaridis e Rossato, o central Pepe, o artista Quaresma, o médio Raul Meireles e o regressado Hélder Postiga. Depois da pré-temporada na Holanda onde o técnico começou a ensaiar o novo esquema táctico a equipa partiu para a digressão americana. E a contagem decrescente começou.

Neste ponto entramos já no campo das suposições porque Del Neri sempre teve o carácter de não querer fazer sangre, mantendo nas suas declarações que saía por vontade própria. Motivos familiares, evocou. Só que é difícil acreditar no italiano, especialmente a julgar pelos eventos que marcaram o ano azul e branco. Por um lado a direcção teve de lidar diariamente com os campeões insatisfeitos. Os problemas entre Derlei e Carlos Alberto, as saídas forçadas para a Rússia do brasileiro e também de Maniche e Costinha espelham bem o ambiente de “cortar à faca” que se vivia no balneário. Por outro lado estava o núcleo duro da casa. Os títulos da era Mourinho consagraram definitivamente a carreira de Baía, Jorge Costa ou Pedro Emanuel. Mas esses eram os principais alvos do novo técnico que entendia ser necessário sangue fresco para manter a dinâmica. Numa defesa rápida, em linha, jogadores veteranos e mais lentos como Emanuel e Jorge Costa seriam naturalmente rendidos por Pepe ou Ricardo Costa, as apostas do técnico. Uma questão de feeling, como quis Guardiola designar o caso Eto´o, muito similar a este. Com a diferença de que, aí, ganhou o treinador.

O certo é que a direcção, encurralada entre os dois grupos, teve de tomar uma posição. Manter a aposta em Del Neri, dando-lhe plenos poderes, significava hostilizar os capitães sem resolver o problema dos insatisfeitos. Ao contrário, apostar num técnico mais convencional, como se revelou Victor Fernandez, seria manter a velha guarda em paz à medida que os casos mais bicudos iam sendo resolvidos. Del Neri esteve sempre só. O seu despedimento espelhou bem a desorganização do clube sem Mourinho, dando a ideia de que foi o português a tapar os problemas que já se vinham manifestando desde o final de mandato de Fernando Santos.


O ano perdeu-se em duas trocas de técnicos, várias transferências goradas, muitos tiros no pé e uns quantos favores arbitrais. No entanto, serviu de lição. Na época seguinte Pinto da Costa teve a coragem que lhe faltou com Del Neri e voltou a apostar num técnico “revolucionário” que colocou de parte os três capitães (Jorge Costa saiu, Pedro Emanuel passou a figura secundária e Baía foi rendido por Helton) à medida que ia montando um esquema talvez não muito distinto ao que tinha idealizado o italiano. Uma revolução com um ano de atraso que abriu um ciclo de quatro títulos seguidos. Enquanto isso Del Neri voltou a mostrar, em Itália, que o seu modelo funcionava, como técnico do Palermo, Atalanta e Sampdoria. Agora viaja a Turim para ressuscitar a “Vechia Signora”. E nós ficaremos sempre com a dúvida na garganta. Perdemos um ciclo histórico de invencibilidade pela pressão das “vacas sagradas” do balneário? A imaginação de cada um terá a resposta.

Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Miguel Lourenço Pereira a elaboração deste artigo.

34 comentários:

pois disse...

Caro José,

Mais uma vez nada me resta senão elogiar o seu excelente texto.

Quero apenas acrecentar que concordando com a essência das ideias que sugere, não devvemos esquecer que este foi um momento muito delicado na vida do nosso clube. Um momento delicado, que nenhum de nós se importava de viver novamente - vir da conquista de um Champions e deparar-se com o inevitável desmembramento de um plantel de excelência. Era uma decisão dificílima de tomar e ponderar. Um novo técnico revolucionário, as tais "vacas sagradas" (a quem muito devemos e que se ainda jogassem hoje muito dúvido que deixassem acontecer o que esta época aconteceu) e a dabandada dos jogadores mais cotados. Gerir isto rentabilizando activos e minorando perdas é um trabalho muito mais fácil de comentar hoje do que de decidir na altura.

É igualmente interessante notarmos a prespicácia na contratação de Mourinho após despensa do CR, tal como Robson do scp entre outros.

Se acertasse sempre PdC não era o GRANDE PRESIDENTE que é era o GRANDE E INFALÍVEL PRESIDENTE que qualquer um utópicamente desejaria.

Cumprimentos

AFC disse...

"Enquanto isso Del Neri voltou a mostrar, em Itália, que o seu modelo funcionava, como técnico do Palermo, Atalanta e Sampdoria. Agora viaja a Turim para ressuscitar a “Vechia Signora”."

Após a saída do FCP, Del Neri foi treinador do Roma, Palermo, Cheivo, Atalanta e Sampdoria.

Roma: demite-se após 24 jornadas. Roma termina o campeonato em 8º

Palermo: sai em Janeiro de 2006. Palermo ocupava até então o 10º posto. Terminou em 5º.

Chievo: conseguiu a proeza de descer de divisão.

Atalanta: no primeiro ano terminou em 9º e no segundo ano em 11º.

Atalanta: terminou em 4º e conseguiu o acesso à Liga dos Campeões.


Tirando o último ano com a Atalanta, o D. Sebastião italiano não passa de um flop. Vamos ver quantos meses dura na Juventus.

Mario disse...

Os meus parabéns pelo excelente texto. É e será sempre difícil analisar os factos todos (reais) que levarão à saída de Del Neri. O peso das "vacas sagradas" conforme se diz, era enorme na altura e não nos podemos esquecer que devemos a essas mesmas "vacas" a conquista das 2 Taças Europeias, daí se calhar a decisão ter tombado para o lado dos capitães. Tempos muito difíceis na altura, a fazer lembrar os de hoje. Vamos conseguir passá-los melhor ?

Menphis disse...

Relembro uma das declarações que me ficou do Del Neri, foi mais ou menos assim:
" isto é para mudar. Se era para ficar na mesma ficava o Mourinho".

Ora todos sabemos que não foi o FCP que não quis mais o Mourinho, acabado de ser campeão europeu, mas sim o contrário. Aí faltou-lhe cuidado na língua. Quis protagonismo e quando se vai para uma equipa campeã europeia, a renovação deverá ser feita com cuidado e, sobretudo, bom-senso.
Foi uma

Mesmo assim, o FCP com todos os problemas que aconteceram, ainda foi para a última jornada com a possibilidade de ser campeão e este ano a 3 jornadas do fim isso não aconteceu.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Bom dia a todos,

Pois,

Foi de facto uma época dificil, mais pela pressao de metade do plantel em ir-se embora (aí viu-se o "portismo" de muitos) do que pela questao do tecnico como se viu com as sucessivas trocas. Creio que ficamos sempre a perder à medida que a equipa ia mudando de treinador e por isso a ideia de debater esta temática agora prende-se com a nao repetiçao do mesmo tipo de erros que nos façam "perder" um ano estupidamente.

AFC,

Em nenhum momento quis deixar entender que o Del Neri seja um grande técnico. Segui muitos dos seus jogos com o Palermo, Atalanta e Sampdoria e apesar de só ter alcançado um grande resultado com este último, é preciso ver a conjuntura. Com o Palermo a equipa jogava um optimo futebol mas teve jogos fraquinhos. Com a Atalanta jogava verdadeiramente bem e fez uma optima época, tendo em conta o potencial de uma equipa que acaba de descer. E com a Samp logrou o inesperado, chegar à CL com uma equipa sem estrelas.

Pode nao ser um grande técnico, mas nao é pior que Fernandez (hoje na 2nd espanhola), Couceiro (entre Lituanias e Turquia) Adriaanse (perdido por aí) e o próprio Jesualdo, que para mim é sobrevalorizado.

Mario,

Naturalmente naquela época era dificil contrariar tantos "campeoes" mas o que deu para se perceber é que no futebol é preciso ter pulso. Perdeu-se um ano e logo depois veio o Adriaanse fazer a mesma coisa e fomos campeoes. Era dificil gerir tanta gente a querer sair, é certo, mas houve nesse defeso muita coisa mal feita que convém lembrar agora, que estamos perante um desafio similar.

um abraço e obrigado pelo feedback

Daniel Gonçalves disse...

Excelente post, permite-nos debater algo importante.
Desde já esclareço que, para mim, Vitor Baía e Jorge Costa são muito importantes para a História e Tradição do Clube do que Del Neri. No entanto, tenho de criticar aquilo que não parece correcto e adequado à mística tradicional do Porto: não vi, depois da saída atribulada do Pedroto em 1979, o capitão do balneário, Rodolfo, "vetar" ou embirrar com os novos métodos de Herman Stessl; em 1987, após a saída de Artur Jorge, os capitães de balneário (Gomes, Lima Pereira) não vetaram ou embirraram com os novos métodos e tácticas de Ivic, respeitava-se o papel do treinador, é inimaginável tal situação; em 1988, com a chegada de Quinito, os nomes sagrados do balneário não embirraram com ele, e aliás alguns (Sousa, Pacheco) chegaram a jogar com Quinito, este foi-se embora quando se viu que não tinha capacidades para treinar o Porto e não porque os jogadores criassem problemas; em 1991, com a chegada de Carlos Alberto Silva, com novos métodos, ninguém viu João Pinto ou André a implicar com o novo treinador, é inimaginável tal situação; o treinador tinha a oportunidade de demonstrar o seu trabalho e depois era avaliado, mas nunca o balneário criava birras com o treinador, quem avaliava o trabalho dele era a Direcção.
Penso que foi a soberba e a sobranceira do balneário, algo que não tem tradição no nosso clube, pós-Mourinho que vetou o trabalho de Del Neri. Agora não concordo com esta atitude das novas gerações de capitães de se arrogarem de avaliar previamente o trabalho do treinador, isso só compete à direcção, aquilo que aconteceu com Jorge Costa e Vitor Baía, está a acontecer com Bruno Alves e Meireles, mas não esta de acordo com a tradição do Porto.

Rui disse...

Nesse ano acho que nenhum treinador tinha sobrevivido, era muita gente contrariada no balneário e com a mania que eram vedetas.

Continuo a dizer que nesse ano o grande problema foi não se ter vendido ainda mais jogadores, e não ter vendido meia equipa.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Daniel,

Totalmente de acordo, Baía e J. Costa foram unicos na nossa historia, mas uma coisa é ser "capitaes" e outra é voltar à politica dos vetos. Lembro-me que foram por outros "capitaes" que Pedroto saiu em 67. Quando voltou acabou-se essa historia de haver duas vozes no balneario a mandar bitaites para os outros. Isso esta-se a perder depois de tantos anos.

Rui,

Em parte concordo, vendeu-se gente errada. Deixar sair o Pedro Mendes e fazer uma novela com o McCarthy (com o Portsmouth), o Derlei, Costinha e Maniche foi um erro. Depois contratar Diego e Fabiano para jogar como se jogou, mais valia pouparem-se uns milhoes.

Pensemos nesses reforços e vemos parte da estrutura do Tetra (R. Meireles, P. Assunçao, o regresso de B. Alves, Bosingwa só tinha um ano de casa) mas também os disparates que foram Seitaridis (que veio com o rei na barriga do R. Madrid), Areias, Hugo Leal, Postiga ou Thiago (agora no AC Milan). Foi um ano onde claramente se perdeu a cabeça com os milhoes e com a falta de planeamento, independente do técnico. Quando Del Neri chegou já a maioria dos jogadores estavam contratados e isso foi um erro, tanto para ele como para os que se seguiram.

um abraço

Daniel Gonçalves disse...

Relativamente a Del Neri, é um técnico que alcançou bons resultados em Itália e, isto é o mais importante para quem avalia o seu trabalho, abandonando o velho catanaccio e o sistema defensivo rigoroso.
AFC: demitiu-se da Roma após 24 jornadas, sim, mas porque não apreciaram o seu sistema táctico demasiado ofensivo, a Roma era uma das equipas mais agarradas ao velho sistema e pouco avesso a mudanças daí Del Neri, sem o apio da Direcção, ter decido sair do clube; desceu a Chievo? Sim, mas quando pegou na equipa esta já para lá caminhava e pouco pode fazer. Este ano levou a Sampdória à pré-eliminatória da Champions, ganhou em casa da Roma e empate em Milão com o Inter de Mourinho, com este a ensair o "autocarro" em frente da baliza, que depois voltou a utilizar em Barcelona. Na Juventus decidiram apostar nele, para abandonar de vez o catenaccio porque este não deu resultados este ano, e o sistema táctico da velha guarda de um treinador Zacheroni como está obsoleto, a Juve quer ressuscitar o futebol espectáculo e daí apostar em Del Neri, se este vai triunfar ou não para já não se sabe, mas tem o apoio da direcção para fazer vingar a sua táctica, algo que não teve noutros clubes italinos demasiado agarrados ao velho catenaccio.

Daniel Gonçalves disse...

Depois com Victor Fernandez, a equipa ainda fazia grandes jogos e exibições (lembro a Intercontinental), mas havia outros jogos sofríveis, mas decorrentes dos problemas que que se falam nos comentários, agora ERRO foi despedir Fernandez para ir contratar Couceiro??? Isto sim foi um erro crasso que nos custou o título nessa temporada.

Daniel Gonçalves disse...

Estou a ver notícias a falarem na possibilidade de Laszlo Boloni. Espero que não se cometa tal erro, Boloni nunca convenceu, no Sporting só se salvou porque tinha Jardel, quando este faltou a equipa foi sempre a cair, e mesmo com CR, Quaresma, João Pinto e Nicolae. Não me parece o treinador adequado para uma equipa que se quer ganhadora.

Daniel Gonçalves disse...

Laszlo Boloni faz-me lembar da segunda vez que Ivic esteve no Porto em 1993, com um sistema táctico antiquado e desajustado às realidades do futebol moderno, muito defensivo, que servia para ganhar a algumas equipas mas sem conseguir galvanizar a equipa para títulos. Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa se estiver a ver: Laszlo Boloni NÃO.

Pedro disse...

Não acredito, nem por um minuto que Del Neri trouxesse sucesso ao FCP.

A questão não foi meramente de vacas sagradas. Tratou-se muito de um treinador que chegado a um novo clube quis impor à força um modelo de jogo que não se adequava ao plantel que tinha, e que num campeonato como o nosso nunca resultaria.

O chievo jogava em contra ataque (qual transições rápidas...), o FCP é quase sempre obrigado a jogar em ataque continuado. O chievo jogava numa defesa alta e em linha. No campeonato português, cheios de autocarros e avançados e alas rápidos e tecnicistas... Seria um desastre.

A insistência que foram as vacas sagradas parece-me uma tentativa muito forçada de descobrir um problema sem a certeza que existiu.

Veremos quantas jornadas resiste na Juventus...

meirelesportuense disse...

Não percebi a contradição entre dizer que o Del Nery "quis sair" e depois que "foi despedido"...Ou saiu ou foi despedido.
Mas ainda bem que foi embora, tinha ar de maluco...
-Luís Fabiano, Diego, Seitaridis, Thiago Mota, Ricardo Quaresma, Raul Meireles, Bruno Alves, Paulo Assunção, Pepe, Morato eram flops?...Os treinadores que passaram pelo Clube é que foram flops...Ir buscar um do género do Boloni é voltar a essa possibilidade, nem quero admitir esse estilo de pessoa à frente do Porto, o que é necessário é alguém que seja capaz, comprovadamente capaz, com coragem ou então de um potencial muito grande.
-Villas Boas pode encaixar nesse perfil, é jovem, ambicioso, mostra garra, tem esses predicados...
Domingos é mais apagado, cordato, num Clube como o nosso é necessário mais sangue na guelra!
Jorge Costa como treinador é muito diferente do que era enquanto jogador, não me retirou dúvidas...
-Paulo Bento é um tipo com ganas, capaz de pegar nos cornos do touro sózinho, tem um lado mais obscuro, que normalmente parece desembocar nos conflictos com algumas vedetas...Mas estou convicto que é pessoa para dar vida a um plantel e levá-lo bem longe...É defensivo? Jesualdo Ferreira é ofensivo?...

José Rodrigues disse...

"Neste ponto entramos já no campo das suposições porque Del Neri sempre teve o carácter de não querer fazer sangre, mantendo nas suas declarações que saía por vontade própria. Motivos familiares, evocou."

Não me lembro minimamente disto. Do q me lembro claramente é ver o PdC a anunciar o seu DESPEDIMENTO, alegadamente por chegar atrasado a um treino de Itália, estando, dizia PdC, "à experiência".

José Rodrigues disse...

... e para concluir: tanto foi assim q Del Neri reclamou (mostrando a sua estupefação) por ser afastado, processando o FCP e recebendo uma indemnização superior a 1 milhão de euros, tendo-lhe sendo dada razão.

pois disse...

Caro Miguel,

Peço desculpa porque não reparei ser o sr. o autor do texto, mas assim aproveito e dou os parabéns aos dois, a si e ao José.

O portismo é nosso, raramente será dos jogadores, alguns existirão como J. Pinto ou por ex. Reinaldo Ventura que juntam o seu portismo à sua qualidade e profissionalismo ao serviço do seu clube do coração.

É óbvio, mesmo hoje, que o ideal seria contratarmos um grande técnico tipo Mourinho (embora a figura nem me agrade pessoalmente) mas isso é muito complicado e temos que ir arriscando na expectativa de acertar. Os adeptos e a impaciência conjugadas como o hábito de sempre vencer também não ajudam a ser ponderado e paciente.

Caro Meireles,

Num Liga que tirando PORTO, slb, scp, braga, (não o braga não) e talvez o guimarães precisamos de ser defensivos e de treinadores defensivos. Concordo que precisamos de um treinador que saiba defender quando precisa (ao contrário do louco do Adrianse) mas essencialmente e porque o nosso principal - não único como o da SE - objectivo é recuperar o título de CAMPEÃO que nos ponha a jogar ao ataque, em 3x4x3 se tiver que ser ou em 4x4x2 quando for o caso mas que seja flexivel e prespicaz.
Cumprimentos

Bernini disse...

Em primeiro lugar parabéns pelo artigo que surge no momento certo.
Foi um erro o despedimento de Del Neri, acredito que o homem poderia ter feito um bom trabalho. E quem disse que ele não dispunha de jogadores para utilizar o 4-4-2 clássico??
Em vez disso foram buscar um tal de Victor Fernandez, ideal para o balneário algo quezilento, onde passou a reinar a anarquia! E depois esse tal de Couceiro, uma pedra com dois olhos... invenção de quem??

Os 4 anos de sucesso que se seguiram foram o resultado de uma aposta acertadissima num treinador disciplinador, metodológico e convicto como era Co Adrianse. É de um assim que precisamos agora... Resta saber onde o nosso presidente vai "inventar" esse treinador...

Azulantas disse...

Penso que está mais ou menos tudo dito quanto à situação Del Neri e ao que se passou depois (Fernandez e Couceiro).

Também acho que a Direcção quis comer o bolo e ficar com ele, isto é, quiseram conciliar 2 coisas practicamente impossíveis: 1 equipa campeã da Europa e um treinador sem currículo.

Das duas, uma: ou contratavam um treinador com tanto ou mais curriculo que os jogadores, ou apostavam num desconhecido mas vendiam/dispensavam os 11 campeões europeus titulares.

Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Maniche, Costinha, Derlei, Carlos Alberto, Alenitchev, Deco, McCarthy, todos sem excepção queriam sair para o contrato das vidas deles. Destes vendemos metade (a metade melhor) e ficamos com os restantes que se julgavam melhores do que realmente eram.

Em verdade o grande segredo de Mourinho é tornar jogadores medianos em grandes craques dentro da equipa.

Se a lição estiver aprendida, o FC Porto tem que decidir: ou mantém as "vacas sagradas" mas contrata um treinador ainda mais "Sagrado" ou os desmarca e opta por um treinador com menos curriculo e mais ambição.

Miguel Lourenço Pereira disse...

José Rodrigues,

Tens toda a razão, os "Motivos familiares" foram relativos ao seu atraso na viagem que fez a Itália. Mas certo é que, apesar de processar o clube com todo o direito, posteriormente foi alvo de várias entrevistas e nunca quis adensar sobre os temas de balneário que, eventualmente, terão levado à sua saída. Efectivamente foi despedido, de uma forma surreal aliás.

Daniel,

Toda a razão quanto a Del Neri e Fernandez. A escolha de Couceiro foi gritante, um acto desesperado de quem tinha perdido o rumo como o PdC naquele ano, orfao da organizaçao do Mourinho.
Quanto ao Boloni, nada a dizer. Um técnico competente mas nao entusiasmante.

Pedro,

Permite-me discodar.
No campeonato portugues é precisamente uma defesa alta e segura que faz falta para asfixiar equipas, já de por si, defensivas. Ter cinco homens a defender (os 4+medio defensivo) como vi muito com Jesualdo é que nao se entende face a equipas que variam do 5-4-1 ao 4-5-1. O técnico gostava de jogos de alas, abrir o campo, e de um medio que apoiasse os dois avançados. Atacar com 5 jogadores, defender com 5, mas encurtando o campo na vertical e alargando-a na horizontal. Nao vejo aí nenhuma incongruencia com o estilo de uma equipa como o FCP.

Meirelesportuense,

Diego e Fabiano sao grandes jogadores que durante essa época (e Diego na seguinte) foram claramente subaproveitado, o del Neri nem teve tempo de os utilizar.
Quanto aos técnicos que nomeias, não gosto de nenhum, mas isso serão sempre escolhas pessoais, nada mais.

um abraço

Miguel Lourenço Pereira disse...

Bernini,

Nada a dizer. Fernandez era uma paixao antiga e, supostamente, tinha rejeitado a primeira abordagem para ser seleccionador mas em Espanha ninguém o quer. Esteve muitos anos comentador da TVE e agora anda no Betis, na 2nd divisao. Um tecnico sem pulso que caiu no goto depois dos 7-0 em Vigo ao Benfica. O Couceiro, um caso em que o Pinto da Costa parecia um verdadeiro amador, inacreditavel num ano em que fomos campeoes do Mundo!!!!!

Hmocc,

Também concordo com o que expoes e isso é um bom aviso para os B. Alves, Fuciles, Heltons e Raul Meireles que aí andam. Sao nomes que, com um tecnico rompedor, serao mais fruto de conflicto do que de sucesso e seria bom pensar em colocá-los enquanto é possivel e apostar em jogadores com "fome" de titulos.

um abraço

P. Cardoso disse...

penso que não vi em nenhum comentário isto:
O Del Neri queria jogar em 4-4-2 desdobrado em 4-2-4
O PC não gostou e impôs-lhe Diego, um típico e caro número 10.
um jogador destes a chegar, sem lugar na táctica do treinador, é imposição a mais. O diego foi contratado já cá estava o Del Neri, e embora seja bom jogador, não cabia no sistema, o que para mim foi erro de Pinto da Costa (impor mudanças tácticas aos treinadores???)

Quando às vacas sagradas, esse para mim foi o maior problema, foi o que levou à saída de Fernandez. Quando ele saiu estávamos num dos 2 primeiros lugares (eu acredito que em primeiro mesmo!!!) e íamos disputar os oitavos da champions contra o Inter. Que mais se podia pedir?

Quanto a este ano, o meu maior problema é esse. O benfas, com Jesus ao comando vai continuar forte. Eu apostava em pagar os 5 M da clausula dele e ir busca-lo porque acredito seriamente na sua capacidade. E não vejo nenhum treinador, que com esta estrutura consiga ultrapassar o benfas pro ano.

Santiago Salas disse...

Tentei ler os comentários todos e quase todos falam do Del Neri e as suas possibildades de sucesso ou as suas "maluquices", mas ainda não vi nenhum comentário (a não ser que me tenha escapado quando tive de parar de ler e voltar) a lembrar aquela tirada do homem que para sempre me ficou gravada na memória.
"Não pensem que vim para o Porto para copiar o anterior treinador. Vim para o FC Porto para fazer algo de diferente do Mourinho, se não não o tinham mandado embora e me contratado a mim".
Realmente um tipo que diz uma coisa destas lá pode estar a aferir bem dos seus dizeres.
O tipo se não é maluco podia estar internado que não lhe fazia mal nenhum. E já agora que internem o Lazlo também que é outro que se vê que os neurónios andam lá dentro daquela cabeça como os carrinhos de choque das feiras populares.
Para mim dos que se tem falado o menos mal é o Villas mas espero que o verdadeiro seja outro até agora não mencionado na comunica socia. Como se chama o holândes que treinava o Barça antes do Pep?

O Anti Lampião disse...

Negócios de Ramires e Luisão sob investigação

meirelesportuense disse...

Um aparte:
Repararam no ar combalido do nosso Presidente?..._Devia estar a digerir a traição da Carolina.
Devem ter sido tempos duríssimos, espero que nunca mais voltem, para bem dele e nosso...
Ou se calhar, naquela altura, já percebera o maluco que o Del Nery era!...Estaria a pensar:
-Tassss, que raio de sorte, o que eu fui desencantar a Itália, como me vou ver livre deste fulano?...
Em contrapartida o Del Nery, está com cara de quem magica:
-Ora deixa-me dar um pouco de graxa, o sr. Pr. está em baixo, vou aproveitar...Ainda por cima com gesso!

Daniel Gonçalves disse...

P. Cardoso: pagar a cláusula de rescisão do Jesus? Nem pensar, aliás tal situação levaria a haver negociações com o clube onde ele esta actualmente, impensável. O SLB vai continuar muito forte? Sim, mas não tanto quanto a máquina de propaganda quer fazer, o Di Maria esta de saída, e depois vamos analisar bem a estratégia de jogo dos lampiões esta temporada. Goleadas? Sim, mas contra equipas portuguesas do meio ou fim da tabela e às vezes contra 10 (justo ou não), contra estrangeiros em ruína (Hertha de Berlim). Pressing? Nunca como o do Porto de Mourinho, entravamos na área com a bola controlada, no chão e à flor da relva, ora o Benfa bombeia bolas para a área, onde espera que o Cardozo marque ou faça "amortie" para os colegas aparecerem, muito jogo pelos flancos e centros para a área, daí o papel do Maria. O problema foi que o SLB não defrontou, durante a 1ª volta do campeonato, equipas que lhe destruíssem a táctica, as equipas estrangeiras da Liga Europa eram irrelevantes, o Porto na Luz foi o pior da época e mesmo assim eles só ganharam por 1-0 e com um golo irregular. Quando defrontaram equipas de nível foi o que se viu, o Marselha deu um banho de bola na Luz, fartou-se de falhar golos, e o golo dos lampiões foi uma oferta, em França, o Marselha estava estourado depois de um jogo na segunda feira, e o SLB só ganhou com pura sorte 2 golos que tabelaram em alguém e trairam o guarda redes; com o Liverpool levaram outro banho de bola, e as bolas bombeadas para a área não serviu. Na 2ª volta só ganharam ao Braga com um golo de ressalto, após um canto, no jogo foram "secados". No Dragão mesmo com 10, caimos em cima deles sem que eles tivessem grandes hipóteses. Se eles tivessem em revés na 1ª volta, a motivação deles ia abaixo e isso repercutiasse nas exibições e resultados.
SLB muito forte? Não tanto quanto a propaganda quer fazer.

Miguel Lourenço Pereira disse...

P. Cardoso,

Precisamente, o Del Neri já tinha esse problema com o Carlos Alberto, que fazia descair para a esquerda com o R. Quaresma á direita e o Maniche e Costinha no meio. Com a chegada do Diego (quando ele pedia um ponta de lança bom no jogo aéreo e ele trouxe o...Postiga) foi a prova viva de que os seus dias estavam contados.

O Fernandez tinha ganho a Intercontinental num jogo horrivel e tinha perdido com o Braga do Jesualdo com quem partilhava a liderança da liga. Mas se tivesse ficado provavelmente teriamos sido campeoes.

Um abraço

Daniel Gonçalves disse...

Outro factor a ter em conta é aquilo que, além dos túneis, é exterior ao jogo jogado, antes falava-se em feitiços, bruxedos. Sim, convém ter em conta este factor: tenham em conta os jogos ganhos com pura sorte: 1-o na Luz dos lampiões ao Braga, a bola bate na perna de Luisão sem que este fizesse por isso, a bola sobrou e golo. Melhor do que falar em campos inclinados, é melhor falar em "campos enfeitiçados", eu tinha um colega de trabalho que era de Guimarães, e ele falava que por aqueles lados comentava-se os bruxedos que Jesus, na altura treinador do Vitória, utilizava para ganhar jogos: lanças sapos ou rãs pequenas para o relvado, espalhar uma espécie de pó no campo. Sim, somos pessoas racionais não acreditamos nisso devem vocês estar a pensar, mas o Porto também já utilizou esse factor, no tempo de Mourinho lembram-se da santinha que ele beijava antes ou durante os jogos quando esteva no banco. Eu lembro-me que, quando Mourinho pegou no Porto depois de Octávio, o 1º jogo foi contra o Gil Vicente, e ao intervalo perdiamos nas Antas por 0-1, durante o intervalo alguém levou um gato preto para o campo e colocou-o a passear pela relva e atravessar a baliza do adversário, a 2ª parte veio e demos a volta ao resultado 2-1, afastar os maus olhados pensava-se.
No tempo de Artur Jorge, havias rumores que falavam que, durante uma madrugada, o mister foi tomar um banho numa praia para atrair bons espíritos, e a final de Viena com as fitas utilizadas pelos jogadores para dar sorte. É como diz o ditado: não acredito em bruxas, mas que elas existem... cautelas e caldos de galinha.

Anónimo disse...

Delane Vieira é o nome de um antigo bruxo oficial do FCP. Tenho uma vaga ideia que da final de Viena se disse que ele pôs uns sapos em campo antes do jogo. Um dia o Octávio foi-lhe ás trombas (creio que depois de um jogo no Bessa). Os únicos bruxos em que o Octavio acredita são as fraternais duplas Oliveira e Caldeira.

P. Cardoso disse...

Caro Daniel.
Quero apenas relembrá-lo que o Porto fez mais ou menos os mesmos pontos que nos anteriores, nos quais foi campeão.
É portanto uma temporada atípica.
E não me venham com coisas. O Jesus pode não ter vocabulário, ou outras coisas, podem falar em ajudas dos árbitros, dos túneis, etc.
Mas ele fez no Benfica o que Mourinho fez no Porto: pegou numa equipa que passou anos sem ganhar nada e construiu uma boa equipa. campeã, para mim sem contestação, só não ganhou a Uefa, mas nem todos são Mourinho. Dos nomes vindos a público, continuo a dizer que mais valia gastar os 5 M (que assim não implicavam negocias com o benfas, era só pagar) e trazê-lo para o Norte.
Com Jorge Mendes como empresário, e a estrutura do FCP, não tenho dúvidas que íamos à final da Uefa, e que o Benfas ainda ficava em terceiro.

Espero para ver o próximo treinador do FCP, mas parece-me que os vermelhos não darão hipóteses a menos que apareça algum Mourinho...

Replica disse...

Até prova em contário o meu PRESIDENTE merece todo o respeito.

quanto as bocas disfarçadas de (opinião costrutiva)

Sr. Pinto da Costa mande os rodriguinhos para a ponte que os pariu.......

Anónimo disse...

O que tu e outros como tu querem dizer com isso, Replica, é que não se pode criticar o Pinto da Costa. São também bocas disfarçadas, portanto, esses vossos comentários. Mas o facto de terdes uma postura semelhante à de membros da IURD não me faz mandar-vos para a ponte que vos pariu. Coitada da ponte.

meirelesportuense disse...

Daniel:
Se existe uma cláusula de rescisão, paga-se e pronto não tem que haver negociação, tem é que haver liquidez...
Portanto se o Porto quisesse e Jesus também, era muito fácil: -Anda daí Jesus, que depois irás pagar a indemnização aos bochechos...
Já pensei nisso, era BESTIAL!

meirelesportuense disse...

Vendo novamente a foto em referência fico com a sensação de que não deveria ter dito nada sobre JNuno...Nota-se nesta imagem uma enorme tristeza.